quarta-feira, maio 8, 2024

Faixa 21: Rock in Rio marcado por boicote nacional, dublagens e garrafadas completa 20 anos

Blogs e ColunasFAIXA 21 com Aline LimaFaixa 21: Rock in Rio marcado por boicote nacional, dublagens e garrafadas completa 20 anos

Na última terça-feira, dia 12 de janeiro, completou 20 anos da terceira edição do festival Rock in Rio. O evento aconteceu nos dias 12, 13, 14, 18, 19, 20 e 21 de janeiro de 2001. É também o primeiro grande evento musical do país no século 21.

Com o anúncio da volta do Rock in Rio, foi permitida a reconstrução de uma nova Cidade do Rock, no mesmo terreno onde aconteceu a edição de 85 e que hoje é a Vila Olímpica da Rio 2016. Dessa vez não tinha Leonel Brizola para embargar o projeto já que o político, que foi governador nos anos 80, tinha atritos com a família Medina e mandou demolir a estrutura e impediu sua reconstrução em 1991, tendo o festival ido para o Estádio do Maracanã.

Com o lema “Por um mundo melhor”, o evento deu seu start olhando para o social visando ajudar obras  filantrópicas. Na estrutura, a nova Cidade do Rock apresentou novidades como as tendas alternativas com o objetivo de aquecer o público para as atrações principais do Palco Mundo. Naquela edição teve a Tenda Eletro (espaço para as músicas eletrônicas que em todas as datas teve a presença do Circo Marcos Frota), Tenda Por Um Mundo Melhor (espaço reservado para debates sobre o que deveria ser um mundo melhor), Tenda Raízes (para artistas estrangeiros de médio porte) e Tenda Brasil (para artistas brasileiros). Os camarins eram nos pavilhões do Riocentro e se posicionavam atrás do palco.

Pela primeira vez, Roberto Medina tinha em sua parceria a filha Roberta. Logo após o anúncio do festival, as primeiras atrações começaram a ser confirmadas. Com o auge da música pop, nomes como Britney Spears e as boybands Five e N’Sync foram anunciado e causaram polêmica com o público carro-chefe, no caso os roqueiros, que já não é de hoje reclamam sobre a line-up do Rock in Rio, por receber artistas fora do gênero rock. As três atrações além da dupla Sandy & Junior, do cantor Aaron Carter e de Moraes Moreira acompanhado do trio elétrico, se apresentaram na “Noite Teen”.

Com menos de dois meses para o início do festival, a banda O Rappa decidiu cancelar sua apresentação porque não queria tocar em plena luz do dia. A atitude ganhou mais força quando Cidade Negra, Skank, Charlie Brown Jr., Jota Quest e Raimundos seguiram a mesma postura causando o maior boicote do pop e rock nacional. Por conta do episódio, a line-up foi reformulada e os anos 90 do rock brasileiro foram representados por Cassia Eller, Pato Fu e Pavilhão 9, embora tenha chamado o Planet Hemp também, além de ter sido benéfica para Sepultura e Capital Inicial, que a princípio estavam de fora do festival. Os desistentes mal sabiam que naquela edição as atrações nacionais tiveram melhor tratamento do que nas duas edições anteriores.

Por falar em ausências, no time internacional tiveram as baixas de Santana, Rush, Mark Knopfler, The Who e Pink Floyd.

Após um pré-evento conturbado, agora estava tudo certo para o festival acontecer. Mas no dia de estreia, membros do Afrorreggae foram barrados de se apresentar no show de abertura com a Orquestra Sinfônica Brasileira causando uma tremenda confusão e desconforto para os organizadores. Sobre o Rock in Rio, o que ficou na memória foram os 3 minutos de silêncio para reflexão sobre um mundo melhor, a inédita apresentação de Neil Young por aqui, os peitos de Cássia Eller e a apresentação conjunta entre Ira! e Ultraje a Rigor.

Os roqueiros lavaram a alma com pelo menos 3 shows que fizeram valer a pena esperar. Foo Fighters que estava conquistando popularidade no Brasil entregou um show com vários hits e naquele período em especial, a banda estava no embalo do sucesso de “Learn To Fly”,  a primeira música da banda a entrar nas paradas americanas de singles, em 19° lugar. Havia, ainda, a curiosidade do público em conferir como soava ao vivo o projeto de um ex-integrante do Nirvana – era a primeira vez que o grupo liderado por Dave Grohl (empolgadaço) se apresentava no Brasil.

Gun’s and Roses voltou a se apresentar após 7 anos parados com uma banda repaginada sem o guitarrista Slash e o baixista Duff McKagan na formação, mas com um Axl Rose magrelo que entregou uma apresentação inesquecível e, digamos, circense – no melhor sentido da palavra, já que no palco, teve de tudo: explosões, músicos excêntricos, exibição de nunchaku, cover de Tim Maia e até choro “em família”.

E o lendário show do Iron Maiden, que transformou o show em CD e DVD Rock in Rio lançado em 2002. A apoteótica apresentação no Rock in Rio, realizada em 19 de janeiro, lavou a alma dos fãs, que não viam o Maiden com Bruce Dickinson no Brasil desde 1992.

De decepção mesmo ficaram por conta das exigências dos artistas e das chuvas de playbacks no dia dedicado ao pop. Algumas boy bands e a Britney Spears, enganaram os fãs com apresentações dubladas e a cantora foi vaiada por mostrar a bandeira dos Estados Unidos no telão central do Palco Mundo. Deste dia, Sandy & Junior mostraram para o público suas qualidades vocais e performáticas, que se rendeu ao produto nacional.

Porém nada superou o maior erro da organização do evento em ter colocado Carlinhos Brown como show de esquenta do palco principal reservado para o dia do rock e heavy metal. A plateia sedenta por um som pesado ficou contrariada e impaciente com a apresentação do cantor, compositor e musicista baiano que fez um show de axé para a multidão. A tragédia anunciada ocasionou uma das cenas mais antológicas da edição quando o Brown provocou os roqueiros com seu discurso de amor e levou centenas de garrafadas do público.

CONFIRA AQUI 

Entre mortos e feridos, a terceira edição deu início a era pop ao festival que começou a mirar no público jovem trazendo brinquedos de parques de diversão e investiu em espaços temáticos. Os Medina prometeram uma 4º edição do festival pra 2003, mas não falou em qual local e o Rock in Rio foi para Lisboa em 2004. Mas a felicidade voltou a reinar na Cidade Maravilhosa com o sonhado Rock in Rio 4, ocorrido em setembro de 2011, num novo terreno na mesma avenida onde ocorreu a primeira e a terceira edição.

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