quarta-feira, maio 8, 2024

O fim: A gestão Marcelo Crivella passada a limpo

RioGoverno CrivellaO fim: A gestão Marcelo Crivella passada a limpo

Acabou a gestão Marcelo Crivella. Da pior forma possível, o prefeito que foi eleito em 2016 em uma eleição super disputada saiu preso por causa de um suposto caso de corrupção que ainda está em investigação. O tal QG da propina.

Ainda que se questione os meandros de sua prisão e tudo mais, é fundamental olhar os quatro anos de gestão do ex-prefeito.

Segundo levantamento da Globo, Crivella teria comprido apenas 3 de 30 promessas. Olhando com uma melhor vontade ele cumpriu 13, incluindo promessas que ficaram incompletas por várias questões.

É preciso destacar que sua gestão passou por vários momentos. Primeiro em 2017 assim que assumiu reuniu um secretariado a época elogiado por muitos e conseguiu em 2018 equilibrar as finanças, também pelo trabalho do então secretário Paulo Messina que se gabava de conseguir reduzir o déficit fiscal e da dívida, deixada por Eduardo Paes. Ainda que soe desculpa por quatro anos, era verdade.

Mas da mesma forma que equilibrava o gasto, a cidade sofria com as chuvas, enchentes. Nisso, uma campanha sórdida de O Globo detonando até onde podia sua gestão. Outra briga e encampada pela Globo foi por causa do carnaval. Como falei uma vez em um texto no Blog do Léo, a briga de Crivella contra o carnaval era burra, pelo tanto que retorno que dá a cidade. Ele entendeu em parte depois mas ainda assim se recusava em ajudar as escolas, o que era péssimo e pegou mal, já que os barões e capos do carnaval carioca o apoiaram em 2016.

Não adianta reduzir verba de escola de samba e inchar a máquina.

As coisas andavam com relativa tranquilidade até que a Globo criou uma matéria em que numa reunião, Crivella teria dito que oferecia facilidades para pessoas evangélicas. O chamado Fala com a Márcia. O STF rechaçou e concluiu que a matéria da Globo era mentira, sem ter provas que o incriminasse. Ainda assim isso provocou um desgaste tremendo a sua imagem e se tinha uma imagem de cidade equilibrada nas contas por um lado, por outro, se desnudava um cenário em que saúde, educação e conservação pública, além do transporte se tornaram um ponto fraco da gestão.

Teve muito mérito em não aumentar a passagem em 2017 mas ao mesmo tempo as empresas sucatearam as frotas.

A conservação da cidade foi para o limbo, dando a sensação de abandono, o que na verdade já acontecia na gestão Paes.

Grande parte da raiva, do ódio desmedido da Globo e de uma elite de esquerda e da zona Sul e até de direita é pelo fato de Crivella ser evangélico e isso conta, é fato mas ele não se ajudava se comunicando mal e sempre colocando a culpa em Paes e na Globo.

Sua briga com a Globo, aliás, tendo grandes momentos é mais ideológica do que publicitária. A Globo sempre apoiou o PMDB no Rio de Janeiro, desde os tempos do péssimo Moreira Franco.

Voltando a gestão, as coisas começaram a decair quando salvo do impeachment, inventado por um ex-funcionário da prefeitura, começou a distribuir cargos, mudar secretárias, fazer obras, agrados, que resultou num inchaço que viu se que a dívida da cidade não iria diminuir mesmo pagando os financiamentos de Eduardo Paes.

Soma se isso a incapacidade financeira de dialogar com as OS, um mal da saúde do Rio de Janeiro, que agora na gestão Paes encontrou um aliado, já que Daniel Soranz, conhecido como “o amigo das Os” voltou.

Algumas dessas organizações sequer deveriam cuidar de hospitais e clínicas da família e Crivella barrou, mas por outro lado, hospitais problemáticos como o Albert Schwarzer e Pedro II estavam com salarios atrasados.

A crise se estabeleceu e aquele foi o pior momento de sua gestão em si. A saúde em si caiu em atenção básica. De 70 para 47% da cobertura, segundo o Ministério da Saúde mas inaugurou 14 clínicas da família.

Porém Crivella se saiu muito bem na pandemia trazendo Tomógrafos e criando o Hospital de campanha e fazendo as medidas restritivas ideais investindo 370 milhões em 18 mil equipamentos.

Na educação, começou com Cesar Benjamin e cumpriu promessas de investir na Escola Paulo Freire, de formação de professores, criou atividades complementares para o ensino fundamental, trouxe a orquestra das escolas e dobrou o valor de repasse as creches. E ainda convocou os agentes de apoio a educação especial que aguardavam ser chamados desde 2014 além do programa paz nas escolas incentivando os pais de alunos a se envolverem mas não conseguiu colocar 50% dos alunos em tempo integral. Com Crivella o Rio melhorou no Ideb.

No transporte, Crivella pegou uma situação complicada com o contrato do VLT, o aumento das passagens mas conseguiu aumentar a frota climatizada, mas não chegou a 100%, promessa antiga. O BRT Transbrasil não foi concluído. A suposta racionalização feita por Eduardo Paes nos ônibus, foi desfeita, outra ótima medida.

Ainda outro mérito foi acabar com o terrível pedágio da Linha Amarela. Na segurança veio o Rio + Seguro, que ajudou a cidade e também PPPs com empresas de iluminação pública e ampliação de câmeras de vigilância. A prefeitura em 2017 chegou a retomar o Favela Bairro, largado logo depois com 23 obras concluídas e mais 26 do Bairro Maravilha.

Outra pinimba foi o Porto e seus problemas com a Caixa Econômica e a falta de inteligência de Eduardo Paes em achar que alguém iria bancar tal projeto com o país em crise econômica.

Tirando as questões de promessa, a cidade sofreu nas chuvas e a prefeitura aplicou mal o dinheiro reservado para a estrutura da cidade quando chovesse. Mortes aconteceram e a própria postura do prefeito, muito calma era destoante do ideal, mais vibrante.

Outro erro grave aí sim foi o caso dos Guardiões. Inadmissível que funcionários pagos com dinheiro público intimidem jornalistas, mesmo que sejam de uma emissora rival a ele e que vai fazer matéria ali unicamente para desgastar, não para informar.

Não poderia ser daquela forma. Intimidar a liberdade de expressão é crime.

Sem falar que a máquina inchada do final de gestão era uma contradição em relação ao início de gestão onde a palavra era austeridade.

Tanto que hoje há uma confusão se há ou não dinheiro para pagar o décimo terceiro dos servidores.

Há erros e acertos na gestão Crivella. A verdade é que sua postura pouco vibrante, o fato de ser evangélico e com isso acharem que ele vai contra o que seria ser carioca, ser da Universal, igreja odiada e julgada de forma preconceituosa, e falas e posições erradas como a por exemplo da Bienal de 2019 ajudaram a minar a sua imagem, que já não era boa. Ele deveria ter governado com mais inteligência e no final de campanha se descontrolou completamente ganhando até o ódio dos veículos de comunicação que o apoiaram como O DIA.

A pecha elitista e irresponsável de alguns de que ele é o pior prefeito da história do Rio é um absurdo, cabe discussão, mas certamente sua gestão passou longe do ideal e decepcionou grande parte dos seus eleitores. Mas é fundamental entender todo o contexto financeiro, de mídia e de cidade, com toda a complexidade que é o Rio de Janeiro, da mesma forma que hoje o carioca não percebe uma melhora na sua vida após quatro anos. Na verdade, depois da Olimpíada. Sabia se que após a chama olímpica se apagar, tudo mudaria no Rio. O último bom ano do Rio foi 2014 e ainda assim graças ao governo federal com Dilma, já que o corrupto Sérgio Cabral já estava fora do jogo.

Agora Crivella está preso e responde um processo em que é acusado de ser o vértice de um esquema de corrupção, coisa que nunca se envolveu na vida.

Cabe o tempo dizer o que será de Crivella. Se um político que vai sair da cadeia e voltará a ocupar cargo e voto pra isso tem ou o presidiário que todo mundo vai adorar zoar e manchar ainda mais a Igreja, obrigando o Bispo Edir Macedo a expurgar o ex-prefeito do seu tabuleiro de plano de poder.

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