quarta-feira, maio 8, 2024

Editorial: Justiça, mídia e Marcelo Crivella

EditorialEditorial: Justiça, mídia e Marcelo Crivella

Desde a semana passada, Marcelo Crivella não é mais o prefeito do Rio. Se por ventura, tentaram várias vezes tirá-lo do cargo em processos de Impeachment, sua saída se deveu de forma menos honrosa: preso por suspeita de integrar o que chamam de QG da propina.

É preciso analisar um caso como esse sob todos os aspectos: jurídico, político e midiático.

No jurídico, o principal há uma série de dúvidas sobre a legalidade do processo, da prisão e até mesmo da conduta da desembargadora. O que se sabe é que ela, que trabalhou meses no caso agiu para que o tempo passado e ela não perdesse a marca do caso. Visto que ela perdera a autonomia do processo a partir de janeiro, que volta para uma a primeira instância, talvez sem a necessidade de prisão. A prisão domiciliar é um alívio, já que o pior seria a prisão mesmo. Segundo a visão de vários advogados renomados, foi armado mais um circo midiático para a prisão de Crivella. Tal processo se dá graças a um delator, o doleiro Sérgio Mizhaghy, que em sua delação disse que não sabia que o prefeito tinha participado do esquema
O que se soube e isso sim é algo estranho é o porque Rafael Alves tinha tanta influência na prefeitura e bradava aos quatro cantos isso. Rafael é empresário, irmão de Marcelo Alves e com histórico no carnaval e na contravenção. De fato, fica claro que contra toda a ordem dos órgãos técnicos, Rafael Alves consegue com Crivella a não derrubada da casa de Romário, senador e apoiador de Eduardo Paes. É um processo que deve ser analisado com cuidado, mas uma prisão a essa altura perto do fim do mandato fazendo a alegria da Globo e da oposição só mancha ainda mais sua vida. A desembargadora poderia ter esperado o fim do mandato. Sem falar que uma prisão ainda sem ter nenhuma sentença condenatória remete ao Lava-jatismo mais infantil.

Outra parte da denuncia, ainda mais frágil, fez o clamor de haters, preconceituosos e jornalistas desinformados e preguiçosos: a suposta lavagem de dinheiro da Igreja Universal usando o valor do COAF da Igreja.

Quem leu a denuncia do MP sabe que é uma ilação. Não há provas de envolvimento direto. O MP cita lavagem mas não diz onde, como e quando aconteceu. Não há provas. Ainda. Mas Band, Globo e outros fizeram a festa.

Crivella não fez um bom governo. Ainda que tivesse grandes oportunidades, a cidade no todo não está melhor com ele. Existem vários poréns mas a cidade poderia estar melhor. Inegável a situação que pegou, de crise e de dívidas por conta das obras da cidade. Mas ainda assim não investiu o necessário quando a cidade penou nas chuvas, coisa que sempre aconteceu aliás, comprou uma briga burra com o carnaval e não cumpriu metas de campanha na saúde. Teve bons momentos como a entrega de várias obras, incompletas por Eduardo, situação fiscal equilibrada até 2018 mas depois a coisa desandou e outras propostas na educação. Crivella se saiu bem na pandemia não adotando o discurso negacionista covarde de Jair Bolsonaro e investindo em hospitais de campanha e na compra de tomógrafos. Crivella ainda desfez contratos com empresas corruptas que mandavam na saúde, melhorou a alimentação e verba das creches e escolas e travou uma guerra santa com a Globo, quase dona do Rio de Janeiro, na mídia.

A mídia, essa que tirando a Globo sempre foi a favor, se voltou contra quando a convivência pediu. O Jornal O DIA, que o apoiou contra Freixo e durante parte de seu governo, agora apoia claramente Eduardo Paes, fugindo até do seu papel jornalístico. O Jornal O Globo foi uma vergonha, assim como o EXTRA. Fugindo completamente das regras dos seus princípios editoriais, lançaram mão de adjetivos, deboches e ofensas nas redes sociais e nos próprios veículos. Cito aqui que Ancelmo Góis, Flávia Oliveira e Berenice Seara que esqueceram a imparcialidade em casa. Não são eles que devem julgar quem é mais ou menos carioca. Sem falar na terrível Maríliz Pereira Jorge, mas ela é do tipo de jornalista que nada que se fala, se deve sequer dar importância.
Bernardo Mello Franco que inventou notícia, sem falar em todas as vezes que a Globo tentou derruba-lo com o Fala com a Márcia, rechaçado pelo STF e pelo caso Guardiões, onde todos erraram. Nunca a intenção era informar.
Mas Crivella brigou errado. A questão com a Globo não é publicidade. É ideológica, política e religiosa, vide o discurso de ódio de muitos contra os evangélicos e o preconceito contra a Igreja Universal. Por outro lado a Globo apoiou Sérgio Cabral em todo o seu governo e adotou uma manchete cafajeste em sua prisão: Cabral foi descoberto. Na verdade todo mundo já sabia quem era Cabral, inclusive a Globo, mas ela omitia isso. Quando criticavam as UPPs, ela atacava quem fez as denúncias. O tempo mostrou que O Globo, Época e afins estavam errados. Não fazem jornalismo. Fazem negócio.

Na eleição, o jornal jogou em charge Crivella na lata do lixo. Uma falta de respeito sem limites. Os haters da Record não descansaram mas o que se viu foi um profissionalismo imenso de seu jornalismo, que também tem seus interesses, mas fez o que tinha que ser feito.
Reinaldo Azevedo na Band é o que surpreende. Na prisão de Crivella mais criticou Crivella do que a operação. Não agiu assim com Michel Temer, Lula e afins. Para criticar Bolsonaro, se alia até ao antigo inimigo Intercept, agindo mais como um jornalista que age de acordo com a conveniência do que por princípios. Reinaldo Azevedo perdeu completamente a credibilidade que já teve. Assim como outros.

A verdade é que o Rio enfrenta uma crise grave e o que mais surpreende é a sórdida agenda positiva que se dá a Eduardo Paes, mas isso é assunto pra outro texto.

Queriam derrubar Crivella, conseguiram. Detonaram sua gestão até onde puderam.
Se Crivella for condenado, está acabado, já era.
E se for inocentado, como vai recuperar a imagem detonada por todos?
Rodrigo Neves e Pezão amargaram dias e meses na cadeia e depois? Saíram. O que aconteceu? Vivem normalmente
E Crivella?

Crivella deveria responder em liberdade e caso condenado aí sim preso.

Crivella teve seus erros mas essa pecha cafajeste de que ele foi o pior prefeito, dada por uma elite que odeia pobre e evangélico, puxa sacos do Eduardo Paes, não se atém aos poréns e aos contextos.

Que os casos se resolvam e que se esclareçam os mais rápido possível.

Tenho ciência do quanto fui atacado por pensar assim, o quanto taxado fui mas ainda tenho direito a ter opinião própria. Sou crítico ao governo mas da mesma forma sou crítico a mídia e ao judiciário.

Tenho consciência tranquila de que a Gazeta do Rio de Janeiro nunca deixou de fazer o seu papel e nunca deixou de mostrar nada em sua gestão. De bom e de ruim. Ao contrário do que outros fazem.

O Rio precisa crescer e vamos buscar isso. Agindo da mesma forma na próxima gestão, fazendo jornalismo, acima de tudo. Jornalismo.

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