quarta-feira, maio 8, 2024

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Como o “boi bombeiro” pode afetar negativamente a conservação do Pantanal

Blogs e ColunasCiência em Foco, por Priscila MonteiroComo o “boi bombeiro” pode afetar negativamente a conservação do Pantanal

A justificativa que você, provavelmente já ouviu falar durante a semana, é de que os aumentos no número de incêndios no Pantanal se dão devido a remoção do número de bois. Inclusive, remoção essa feita pelas Unidades de Conservação (UCs) e povos indígenas. Mas será que diminuiu mesmo? Segundo os dados de 2019 do MapBiomas, em 10 anos, o número de cabeças de gado no Pantanal aumentou de 6,9 milhões para 9,6 milhões, ou seja, um aumento de 43%. E as UCs malvadas? Bom, somente cerca de 5% do Pantanal é protegido por UCs e, além disso, as queimadas são concentradas em áreas privadas, onde se tem total liberdade para a criação de bois. E os índios? Então, as queimadas também não se concentram nas áreas indígenas.

Mas o boi de fato é bombeiro?

O boi pode diminuir o nível de material orgânico (capim seco) do solo pantaneiro ao se alimentar desse material que serve de combustível para os incêndios, mas não ao ponto de eliminar ou diminuir as queimadas. Até porque, se fosse verdade, com a quantidade de gado que já se tem no Pantanal, não teríamos mais incêndios, não é mesmo?!

O grande vilão, mais uma vez, é o homem. As mudanças climáticas estão alterando o clima, deixando mais quente e seco, propícios a incêndios. Isso fica mais atenuado num local onde a vegetação nativa foi removida e alterada para pastagem.

O Pantanal vive a pior seca dos último 60 anos, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Ademais, a Polícia Federal abriu uma investigação sobre uma certa ligação entre os focos de incêndios e alguns fazendeiros da região. Sem contar que precisamos de medidas preventivas (já que sabemos desse ciclo constante de secas) com equipes de brigadistas treinadas, investimento e suporte.

Você sabe o que é o tal “fogo frio” também defendido no Pantanal?

Fogo frio ou queimada preventiva é uma técnica utilizada para reduzir a biomassa vegetal que serve de combustível para as queimadas (o tal capim!). Ela consiste em criar pequenas frentes de fogo durante as chuvas. A verdade é, a técnica não foi totalmente proibida nos últimos anos. Ela foi restrita pelos governos estaduais durante a estação seca, estação mais propícias a queimadas, seguindo as orientações do próprio Ministério do Meio Ambiente.

Esse tipo de discurso, ainda mais vindo de altos cargos políticos, incitam ainda mais o desmatamento e a expansão pecuária no Pantanal. E até mesmo em outros biomas (lembramos aqui da frase “temos que deixar a boiada passar”), como na Amazônia. O ano de 2020 foi marcado pelos maiores índices de queimadas no Pantanal, desde 1998. Seu regime de chuva diminuiu 50%, mais de 33 mil quilômetros quadrados do Pantanal já foram destruídos, o que representa quase 30% do bioma. O equivalente a quase seis vezes a área do Distrito Federal (ver artigo O Pantanal pede a ajuda de todos nós aqui no Ciência em Foco).

Então, fique atendo a informação falsas ou destorcidas da realidade. Escute a voz da ciência. Boi bombeiro é conversa para boi dormir, não caia nessa!

Foto: Reuters

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