quinta-feira, maio 9, 2024

A história da Boulevard 28 de Setembro, em Vila Isabel

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Hoje é celebrada a Avenida Boulevard 28 de setembro, em Vila Isabel. O lugar se confunde com a história do bairro e do próprio Rio de Janeiro. Se ela foi uma avenida projetada, hoje mesmo com seus problemas, reúne inúmeros lugares totalmente diferentes mas que compõem de forma bela e democrática a história do bairro. Tem bar, tem academia, restaurante, tem igreja católica, tem igreja universal, tem igreja metodista, tem mercado, pizzaria, sem falar do maravilhoso e saudoso Petisco da Vila, do querido Manoelzinho, que nos deixou.

Mas para contar a história da 28, é preciso contextualizar com a história do próprio bairro de Vila Isabel

Vila Isabel surgiu após uma iniciativa do empresário João Batista Viana Drummond, o Barão de Drummond. Em 1871, ele adquiriu as terras da Imperial Quinta do Macaco, de propriedade da Imperatriz Dona Amélia, esposa de Dom Pedro I.

“A terra onde o atual bairro de Vila Isabel localiza-se, pertencia à Companhia de Jesus desde 1565, ano da fundação da cidade do Rio de janeiro. Eles estabeleceram lá uma plantação de cana-de-açúcar, a Fazenda de Macaco, e a arrendaram a imigrantes portugueses. Depois da proibição da ordem em 1759, a Coroa Portuguesa confiscou os bens dos jesuítas e entre outras coisas a Fazenda de Macaco, que ficou abandonada até a proclamação de Independência do Brasil, em 1822, passando a pertencer ao Império Brasileiro”, informa a página Vila Isabel.

A Fazenda do Macaco hoje é o Morro dos Macacos

Barão de Drummond era, segundo consta, abolicionista, então, no bairro que ele projetou, as ruas ganharam nomes de pessoas ligadas à luta pelo fim da escravidão no Brasil. O nome do bairro é uma homenagem à Princesa Isabel, que assinou a Lei Áurea e o nome Boulevard 28 de setembro, é uma homenagem à data em que a Lei do Ventre Livre foi sancionada

O bairro foi oficialmente fundado em três de Janeiro de 1872 tendo sido o primeiro bairro projetado da cidade do Rio. A inspiração foi a cidade de Paris, na França. O arquiteto contratado para o projeto geral foi Francisco Joaquim Béthencourt da Silva, discípulo de Grandjean de Montign.

Para muitos pesquisadores, historiadores e estudiosos do assunto, Vila Isabel é considerado o primeiro bairro projetado da cidade do Rio de Janeiro.

Em 1875, o bairro ganhou bondes movidos por animais. Esses veículos ligavam a Vila ao centro da cidade. A responsável pelo sistema era a Companhia Ferro-Carril de Vila Isabel, empreendimento criado pelo barão de Drummond.

A BOULEVARD 28 DE SETEMBRO

A avenida foi aberta em 1872 no lugar da antiga Rua dos Macacos, estendendo-se da Rua São Francisco Xavier à Praça 7 de Março (atual Praça Barão de Drummond, mas tradicionalmente chamada de Praça sete).

No início do século XX, as suas árvores estavam sempre floridas no canteiro central e era ladeado por chácaras com cercas-vivas. No ano de 1909, recebeu iluminação e bondes elétricos.

Considerada o berço do samba, em 1929 o Bando dos Tangarás, integrado por Noel Rosa, Almirante, Braguinha, Henrique Brito e Alvinho, a partir da música Na Pavuna, atraiu a atenção popular para o bairro. Foram, ainda, os primeiros a introduzir o ritmo de batucada e a percussão nas gravações de discos.

Vila Isabel é berço de poetas e compositores importantes. Teve sempre uma produção musical característica, diferente daquela feita pelos grupos da Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, que tinham influência estrangeira. Ao mesmo tempo, a música do bairro também era diferente da do subúrbio carioca. A música era tocada e admirada nos bares Vila Isabel e Ponto Cem Réis. Ao contrário de outros bairros que perderam a boemia com as mudanças urbanas, com a profissionalização dos músicos e com a chegada da indústria do disco, a Vila continua sendo ponto de encontro de músicos e poetas.

Em 1994, recebeu o Projeto Boemia, destinado a resgatar o passado boêmio do bairro. Bares com música ao vivo passaram a colocar mesas na calçada, atraindo jovens, famílias e visitantes vindos de longe, para ouvir música brasileira.

Até hoje é ponto de comércio forte no bairro, assim como diversos bares que buscam manter a tradição boêmia

UNIDOS DE VILA ISABEL

A quadra da Unidos de Vila Isabel fica na 28 de setembro. Se antes ela ensaiava na Escola Equador, ganhou a sua quadra onde antes funcionava uma garagem de bondes na década de 1960, a garagem da extinta Companhia de Transportes Coletivos e, posteriormente, um galpão do DETRAN. Até hoje os ensaios de rua são na 28 e as comemorações de título como 2006 e 2013 foram lá.

AS CALÇADAS MUSICAIS

Em 1965, nas comemorações do IV Centenário da Cidade do Rio de Janeiro, o arquiteto Orlando Magdalena teve a ideia de decorar as calçadas da 28 de Setembro com pedras portuguesas desenhando partituras de músicas de grandes compositores da Música Popular Brasileira. A ideia foi levada ao músico Almirante, que escolheu as músicas que deveriam compor as calçadas.

Foram, assim, construídas, desde a Praça Maracanã até a Praça Sete, as famosas calçadas musicais, com as partituras das seguintes músicas:

Cidade Maravilhosa – André Filho (esta primeira ainda na Praça Maracanã)
O Abre Alas – Chiquinha Gonzaga
Pelo Telefone – Donga/Mauro de Almeida
Mal-me-quer – Cristóvão de Alencar/Armando Reis/Newton Teixeira
Feitiço da Vila – Noel Rosa/Vadico – em frente à Associação Atlética Vila Isabel
Ave Maria – Ertildes Campos/Jonas Neves
Aquarela do Brasil – Ary Barroso
Jura – Sinhô
Carinhoso – Pixinguinha/João de Barro
Linda Flor – Henrique Vogeler/Luís Peixoto
A Conquista do Ar – Eduardo das Neves
Luar do Sertão – Catulo da Paixão Cearense/João Pernambuco
Chão de Estrelas – Orestes Barbosa/Sílvio Caldas
Linda Morena – Lamartine Babo
A Voz do Violão – Francisco Alves/Horácio Campos
Na Pavuna – Homero Dornellas/Almirante
Primavera do Rio, de João de Barro – Ernesto Nazareth
Apanhei-te Cavaquinho – Ernesto Nazareth
Florisbela – Nássara/Frazão
Renascer das cinzas – Martinho da Vila (esta última já na Praça Barão de Drummond).

SAUDOSO PLANETA DO CHOPP

PETISCO DA VILA

ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA VILA ISABEL, O FAMOSO “VILINHA”

A 28 de setembro é mais que um lugar especial, mas um local em que quem passa, transita logo se identifica, logo sabe onde está e sabe que ali se respira história e paixão por um bairro e uma avenida que pulsa e que tem vida.

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