quarta-feira, maio 8, 2024

O Pantanal pede a ajuda de todos nós

Blogs e ColunasCiência em Foco, por Priscila MonteiroO Pantanal pede a ajuda de todos nós

Considerado o bioma mais preservado do país pelo IBGE, o Pantanal abriga grande parte dos animais existentes no Brasil, atuando, cientificamente, como um laboratório da vida silvestre. Hoje, em chamas, pede a ajuda de todos nós.

Você provavelmente aprendeu na escola que o Pantanal é um dos cinco biomas brasileiros, localizado na região Centro-Oeste do Brasil, nos estados do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, além de poder ser encontrado no Paraguai e na Bolívia. O bioma sofre influência direta de três outros importantes biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica, além de ter algumas áreas com resquícios da Caatinga. Entretanto, a principal característica desse bioma é sua planície inundada, sua marca registrada no Brasil.

Uma característica interessante desse bioma é que muitas espécies ameaçadas em outras regiões do Brasil persistem em populações avantajadas na região, como é o caso do tuiuiú – ave símbolo do Pantanal. Segundo o site do Ministério do Meio Ambiente, o bioma abriga os seguintes números de espécies catalogadas: 263 espécies de peixes, 41 espécies de anfíbios, 113 espécies de répteis, 463 espécies de aves e 132 espécies de mamíferos sendo 2 endêmicas.

No entanto, esse número pode estar desatulizado. Ainda de acordo com a Embrapa Pantanal, quase duas mil espécies de plantas já foram identificadas no bioma e classificadas de acordo com seu potencial, e algumas apresentam vigoroso potencial medicinal. Além das belezas naturais e da rica biodiversidade, esse bioma também conta com a presença das comunidades tradicionais como as indígenas, quilombolas, os coletores de iscas ao longo do Rio Paraguai, dentre outras. No decorrer dos anos essas comunidades influenciaram diretamente na formação cultural da população pantaneira.

Apesar dessa riqueza biológica, medicinal e cultural inestimável, apenas 4,6% do Pantanal encontram-se protegidos por Unidades de Conservação (UC), dos quais 2,9% correspondem a UCs de proteção integral e 1,7% a UCs de uso sustentável

Comum a outros biomas, suas principais ameaças são a caça e a pesca que ocorrem de forma ilegal. Contuto, a principal no momento é o fogo. As chamas já atingiram mais de 2 milhões de hectares e mais de 45% do Parque Estadual Encontro das Águas, cerca de 51 mil hectares. A maior preocupação é das chamas atingirem o refúgio das onças pintadas, já que o maior refúgio mundial da arara-azul perdeu mais de 70%, quase todo de floresta nativa.

Imagine 2 milhões de campos de futebol repletos de riquezas biológicas, medicinais e culturais queimados

“Muitos animais estão morrendo queimados, alguns sendo resgatados com muitas queimaduras e debilitados. Os animais que conseguiram fugir dos incêndios, se concentram agora ao redor das poucas poças de água e vegetação que restaram. Muitos estão morrendo de fome. A maioria das planícies que outros anos estariam inundadas já não tem água alguma. É a pior seca dos últimos 47 anos.

Nesta seca tão dura, as planícies, outrora alagadas, estão completamente secas e já não servem mais como barreiras naturais para impedir que o fogo se alastre. Então, o fogo “pula”, como dizem os moradores locais, devorando áreas cada vez maiores.”

Tenho vontade de desistir, penso que não temos mais solução e de que a humanidade já está fadada a uma morte lenta e dolorosa. Choro! Mas quando a minha filha olha nos meus olhos e me abraça, ganho forças novamente, pois não é justo com ela e nem com as próximas gerações. As mudanças climáticas estão dando sinais claros da sua existência. Os dias estão cada vez mais quentes e secos. Mais incêndios irão acontecer. O clima estará cada vez mais instável. E não teremos “só” perda da biodiversidade, perdas irreparáveis…

Deixo aqui algumas imagens do Pantanal e de alguns animais do bioma, espero que não fiquem só na memória

 

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