segunda-feira, maio 20, 2024

Um simples desabafo

Um simples desabafo

Hoje, sentei-me em silêncio, junto a algumas folhas caídas no quintal, olhando para o céu, deixando meus pensamentos voarem um pouco e sentirem, por um momento, a liberdade da qual meu corpo não pode desfrutar.

E nessa dança de conversas mentais, de diálogos travados entre todas as minhas partes, me peguei imaginando um mundo irreal, numa linda e majestosa utopia. Por alguns instantes, vaguei por tais lugares. Vi mazelas sociais sendo desfeitas, desigualdades sendo sanadas, poderosos trabalhando em prol do povo, minorias sendo aceitas e respeitadas.

Assisti lutas sociais sendo tratadas com apreço. Avistei pessoas agindo com gentileza mútua, brancos descendo de seus pedestais de privilégios, permitindo que negros estejam com eles, no mesmo patamar. Observei homens tratando mulheres como suas iguais e héteros respeitando e acolhendo múltiplas identidades de gênero.

Vislumbrei pessoas se olhando nos olhos, deixando de lado as comparações que evidenciam as diferenças físicas, e nos obrigam a entrar numa cruel caixa padronizada. Presenciei crianças sendo educadas com amor, compreensão, empatia e respeito. Contemplei uma natureza linda, não marcada pela ganância que nos assalta a mente diariamente. Descortinei corações repletos de amor, amor real, expansível, doado a todos.

Ao acordar da minha ligeira fantasia diurna, olhei para baixo e a tela do meu celular me convidou a voltar para a realidade. Dezenas de notícias, vídeos, fotos escancaravam em minha fronte o quão longe ainda estamos da almejada existência. Olhei novamente para o infinito, no intuito de adentrar mais uma vez em meus devaneios, mas não consegui, pois a angústia que momentaneamente acometia meu ser, era impeditiva do sonhar.

Recobrei meus sentidos e consciência, e uma tristeza se deitou perto de mim, pedindo abrigo. Naturalmente a amparei, pois para nos reerguermos frente a face de qualquer mudança, é preciso aprender a apreciar todas as emoções que nos rodeiam. Não desistirei de lutar. Minhas armas disparam tinta azul em papeis pálidos, e enquanto puder traçar qualquer verso que seja, manterei acesa a luz da esperança que movimenta meu coração.

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