Hoje, gostaria de conversar um pouquinho com vocês sobre o iminente retorno das crianças às creches e pré-escolas, no próximo mês. Minha posição sobre a volta é clara: ainda não é o momento. Todavia, como, aparentemente, a decisão já foi tomada, salvo alguma intercorrência no caminho até lá, quero falar sobre o aspecto emocional do protagonista dentro do cotidiano da educação infantil: a criança.
Já havia comentado, num texto passado, que essa criança que retornará ao ambiente escolar não é a mesma que saiu, lá atrás, em março. Ela ficou, ou acreditamos que tenha ficado, cinco meses em isolamento social. E o que isso significa? Muitas coisas! Onde mora essa criança? Quem eram seus cuidadores nesse período? Com quem conviveu? Como é sua estrutura familiar? Tinha conforto? Tinha comida? Ficou doente? Viu alguém com a doença? O que ela perdeu? Quem ela perdeu?
Inúmeros são os questionamentos que devem ser considerados antes de mandá-la de volta à escola e antes de recebê-la de volta na escola, para além da questão sanitária que, a meu ver, é primordial. O acolhimento aos pequenos deverá ser feito com muito cuidado, e todo o processo exigirá muita paciência e compreensão de ambos os lados: família e escola.
É um recomeço, mesmo que afoito, e assim devemos encarar. Esqueçamos tudo o que já aprendemos sobre escola até aqui. Nós nunca vivenciamos algo parecido com o que enfrentamos hoje. É o momento de sermos humanos, empáticos uns com os outros e, primordialmente, com os pequenos, que estão desenvolvendo toda sua parte cognitiva, afetiva e social em meio ao caos.
Vamos abraçar nossas crianças, não com os braços, pois não será possível, mas com o coração.