quarta-feira, maio 8, 2024

Coluna do Araújo: Hora de vestir a camisa?

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Sou jornalista, radialista e tricolor. Nunca escondi. Embora não compreenda, respeito a decisão de muitos colegas que preferiram omitir seus clubes de coração ao longo da carreira. Um jornalista não será menos credenciado ou menos confiável se revelar o time de infância, penso assim. E se disser que não tem time, estará me mentindo para sua audiência. Eu nunca tive o menor problema em relação a isso. Minha torcida pelo Fluzão não interferiu o lado profissional e não trouxe consequências mais sérias. Nelson Rodrigues, João Saldanha, Sandro Moreira, Renato Maurício Prado, por exemplo, tiveram a coragem de vestir a camisa de seus clubes diante do microfone e nem por isso perderam a credibilidade. Outros tantos ainda tentam disfarçar, mas acabam se entregando no ar, ou a caneta acaba pesando para um lado. É uma escolha, uma opção.

Todos nos que militamos no meio sabemos também que existem por aí alguns profissionais que não balançam bandeira, mas que são agraciados pelos clubes em “off”. Mas esse não é o foco da coluna, pelo menos hoje. Acompanhamos nas últimas semanas um verdadeiro Fla-Flu fora de campo pelos direitos de transmissão dos jogos.

De um lado a Globo, dona da bola, e de outro a FlaTV com a MP 894 embaixo do braço. Nesse primeiro round, a emissora rubro-negra levou vantagem, mas não dá para baixar a guarda. O risco de um contragolpe é grande. O engraçado é que alguns anos atrás o Première, canal por assinatura da Globo, pensou em criar um segundo canal de áudio em suas transmissões. O telespectador poderia acompanhar o modelo tradicional num canal de áudio e teria a opção de trocar para uma narração mais clubista. O projeto não andou, culpa de algum “visionário”…

O Flamengo derrubou o muro e os outros clubes vieram atrás. Essa movimentação será excelente para o enxuto mercado de trabalho, gerando emprego pra inúmeros profissionais. A proposta dos canais dos clubes é fazer uma transmissão parcial, com narradores, repórteres e comentaristas clubistas, passionais, torcedores em sua essência. E todos nós sabemos que quando algo cresce e começa a chamar atenção, as pessoas começam a mudar de postura e opinião. Evidentemente que o modelo tradicional vai permanecer, com as boas e velhas transmissões imparciais, sem empunhar bandeira para nenhum clube, embora isso seja feito de forma velada em alguns canais.

Acredito que em breve veremos uma horda de jornalistas abrindo seus armários empoeirados e tirando camisas jamais reveladas das gavetas. Mistérios serão revelados, paixões serão correspondidas, tudo em nome de oportunidades. Os que não tiveram receio de revelar saíram na frente, mas há uma movimentação clara e evidente na busca por espaços nas Tvs dos clubes. Uma verdadeira Serra Pelada! Gente de todos os lugares, alguns até aposentados pela grande mídia, cavando e garimpando nessa mina fértil e próspera. Será que é hora de vestir a camisa? Aposto que sim.

Alexandre Araújo é jornalista e comanda o programa Pop Bola, grande sucesso do rádio carioca.

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