segunda-feira, maio 20, 2024

EAD na educação infantil, não

Blogs e ColunasPoesia com Caroline RochaEAD na educação infantil, não

EAD na educação infantil, não!

Desde que o isolamento começou, assistimos a pais desesperados por terem que cumprir com dezenas de tarefas escolares dos seus filhos. Ninguém nega que fomos pegos de surpresa por uma situação inesperada, que não nos preparamos com antecedência, como deve ser na educação, e que muitas escolas estão fazendo o melhor que podem diante desse cenário, porém, a educação a distância, no meio de uma quarentena que mexe com toda a nossa estrutura emocional, por si só já deveria ser algo complementar e não obrigatório, para qualquer idade.

Quando se trata de educação infantil, a situação é ainda mais grave.

A educação infantil pressupõe criação de vínculos, presença física, afeto, troca de olhares, de carinho, ludicidade, brincadeiras, socialização e inúmeras outras qualidades ausentes numa aula dada através da tela. Para além de tantos quesitos não cumpridos, pense comigo, o que a criança de um, dois, três, quatro, cinco anos está de fato aprendendo nessas condições?

O desenvolvimento integral da criança passeia pela criação da sua identidade como indivíduo, pertencente a um grupo social e comunidade, pelo conhecimento de regras de convivência, de atos cotidianos, pequenos gestos nos quais ela vai se enxergando e criando hipóteses que se tornarão conceitos e saberes.

Nosso dia-a-dia, em casa, está cercado de conhecimento. Uma criança pode aprender sobre cores, por exemplo, ao lavar frutas junto com os pais; ela pode conhecer sobre saúde e cuidados com o corpo ao tomar banho; ela pode experimentar sua coordenação motora dançando ou desenhando; ela pode explorar as letras lendo, com pessoas queridas, histórias antes de dormir… São inúmeras as possibilidades que nos rodeiam e nos mostram que nossos filhos não precisam estar sentados em frente a uma tela para aprender.

É claro que não quero dizer que você deve abandonar as propostas da escola e deixar de lado tudo o que tem feito. Meu alerta é apenas para um repensar dessa obrigatoriedade, para que juntos, vocês possam encontrar alternativas e para que entendam a educação a distância como fator complementar ao dia-a-dia dos pequenos.

Seu filho quer assistir às aulas, interagir com os amigos, ver a professora? Ótimo, deixo-o fazer. Ele não quer, chora todo dia na hora da aula e está cansado de tudo isso? Não o force, nós também estamos exaustos. Aproveite as centenas de oportunidades que aparecem durante o dia para ensiná-lo na melhor prática e vivência, aquela que é real.

No mais, com as também existentes propostas de diversos governos para a reabertura gradual das escolas privadas e públicas, é preciso pensar, além da saúde física, claro, na saúde emocional de todos os envolvidos nesse processo, e isso inclui a criança.

Quem é essa criança que voltará? O que ela vivenciou no decorrer desse período? O que ela perdeu? Certamente ela não é mais a mesma, e isso precisa ser considerado, mas esse é um papo para outro dia.

Check out our other content

Check out other tags:

Most Popular Articles