sábado, maio 18, 2024

Meu maraca setentão, por Rosária Farage

RioMeu maraca setentão, por Rosária Farage

Rosária Farage é jornalista

Quando era criança, imaginava como seria estar nas arquibancadas do Maracanã. Ouvia os jogos pelo rádio na narração de José Carlos Araújo.

Onde eu morava não tinha televisão.

Aos 11 anos de idade, minha família se mudou para Vila Isabel.

Morávamos no Boulevard 28 de Setembro e já podia caminhar diariamente até o templo do futebol.
Para ser sincera não lembro quando foi a primeira vez que entrei neste estádio tão maravilhoso.

Mas recordo os muitos momentos vividos na Geral. Eu me misturava com a torcida adversária e não tinha medo.

Quando não podia ir aos jogos, ficava na janela vendo os torcedores passarem, voltando para casa, alegres ou tristes, dependendo do resultado.

Eram famílias inteiras. Não via brigas.
Meu jogador preferido na época era o tricolor Edinho, sonhava em conhecê-lo pessoalmente. Tive está oportunidade quando me tornei produtora de programas esportivos. Ali já éramos quase colegas de profissão.

Também sonhei em pisar naquele gramado e o sonho foi muito além do esperado. Cheguei a disputar duas partidas vestindo a camisa do “Grama na Calcinha”. Joguei na zaga. Uma vitória e um empate.

Trabalhei em quase todos os jogos da Libertadores 2008, menos a final. Pude estar nas cabines de rádio, ao lado de Dení Menezes, também torcedor do Fluminense. Era difícil não gritar e ter que torcer calada pelo time do coração.

Aliás, o Maracanã é com certeza o lugar onde meu coração bate mais forte. Atualmente, raras são as vezes que frequento o Estádio Jornalista Mário Filho como torcedora. Quase sempre estou trabalhando.

Consigo manter o equilíbrio e a postura profissional. Dignidade e respeito não faltam entre mim e os demais.

Mas por dentro, fico a beira de um infarto a cada partida do Fluzão, não importa o adversário.
Mesmo que muitos jornalistas não revelem o time para o qual torcem, nos bastidores quase todos demonstram sua verdadeira paixão.

Após os confrontos, nos corredores do Maraca tem muita zoação entre nós.
Sei que muitos dirão que o Maracanã não existe mais. Quando o estádio virou arena, quase tudo mudou para pior.

Ganhou em beleza, mas perdeu em emoção. Só que pra mim, continua o maior e o melhor do mundo.

Quando passo pelo portão 10 (entrada da imprensa) ou acesso as rampas como simples torcedora, sinto a alma deste gigante gritar no meu ser: “Sou o Maraca! Pra sempre vou ser.

Respeite minha história e tenha orgulho de mim!”.

Rosária Farage é jornalista e esteve como produtora de programas esportivos na CNT, Band e Rádio Tupi além de escrever na Revista Elos e Portal Eu, Rio

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