EU AJUDEI A ELEGER BOLSONARO!
Não votei, mas apoiei abertamente a candidatura de Jair Bolsonaro no segundo turno contra o PT. Teria dado o mesmo apoio a quase qualquer outro candidato que enfrentasse o PT, e mesmo decepcionado não me arrependo jamais dessa decisão e esse texto não é um pedido de desculpas, embora não fizesse o mesmo hoje se o país nos colocasse de novo no dilema PT x Bolsonaro. Se isso acontecer de novo em 2022, vocês vão me ver comentar sobre qualquer coisa teoricamente fútil, menos o segundo turno das eleições.
Mas também não serei hipócrita em dizer que só apoiei o Bolsonaro no segundo turno por conta do PT, porque no fim das contas, com todos os problemas do sujeito e a ânsia de vômito que alguns de seus seguidores mais fiéis me davam, eu via com com bons olhos alguns projetos e algumas promessas de seu eventual governo. Existiam coisas que me faziam torcer o nariz? Sim! Mas existiam coisas que eu de fato apoiava.
Gostei da indicação de alguns ministros (mesmo com algumas escolhas desastrosas), mas no começo do mandato já vi posturas e atitudes que discordava muito no presidente, e essas atitudes foram se acumulando enquanto eu ainda me forçava na tentativa de “torcer pelo Brasil”, e que os ministros mais técnicos e as instituições conseguissem nos levar adiante para algum norte promissor.
A comunicação tosca e infantil, as questões envolvendo seus filhos, sua relação com os outros poderes (que também são sujos, mas que escancararam a inabilidade do presidente), sua postura covarde de enfrentamento ao aumento do Fundão Eleitoral, o trato imbecil de seu governo com a educação, a postura de seus apoiadores mais engajados (que sempre me fazem lembrar a Janaina Paschoal alertando que o bolsonarismo corria o risco de se tornar o petismo ao contrário), entre outras inúmeras coisas, iam se acumulando e fazendo com que a minha avaliação do governo fosse cada vez mais de reprovação.
Com chegada da pandemia, qualquer resquício de esperança com esse governo foi embora de vez. Aqui darei humildemente um crédito a quem sempre nos alertou: nos vimos governados por um presidente que faz pose de machão, mas parece mais uma criança birrenta e catarrenta, mimada, imoral, paranóica e conspiracionista, absolutamente despreparada para lidar com uma crise, ignorante e propagadora de ignorância, o que é pior. Fica complicado manter a sanidade quando rei de transforma no Bobo da Corte (com todo respeito aos nobres bobos da corte). Além disso, uma figura com uma irresponsabilidade cruel, cúmplice (por sua atitude) da morte de inúmeros brasileiros por conta de seu cérebro defasado e da influência negativa que tem sobre quem ainda tenta lamber suas bolas.
O presidente cometeu crime de responsabilidade. Também entrou em rota de colisão com governadores que, por mais que possam trazer motivações políticas (são políticos), buscaram enfrentar a pandemia com muito mais responsabilidade e vigor, desde Witzel e Dória, até o Flávio Dino (sim, aquele do Partido Comunista do Brasil) que durante o atual momento tem todo o meu respeito e admiração.
Então o presidente demite, no meio de uma pendemia com proporções globais, o seu Ministro da Saúde que discordava dele e tentava fazer o possível para lidar com a situação. A demissão de Mandetta não se justificaria nem se Bolsonaro fosse médico, cientista ou qualquer outra coisa que ele passa longe de ser.
Hoje foi a vez do ministro Moro abandonar essa canoa furada que é o governo Bolsonaro. Tem uns 3 outros ministros que ainda admiro ou respeito e que gostaria que fizessem o mesmo. Moro não só escapou antes do naufrágio, mas fez isso com denúncias gravíssimas ao atual presidente, felizmente!
Bolsonaro não pode mais continuar no cargo. Se Dilma sobreu um impeachment, nada justifica que o mesmo não aconteça com Jair Bolsonaro, por mais que isso precise de determinação política do congresso. Menos tumultuado seria se alguma luz fizesse com que o tapado renunciasse, mas aí é ter muita esperança!
Não faz o menor sentido defender a queda de Dilma Rousseff e defender Jair Bolsonaro, assim como não faz sentido algum passar pano para os crimes do PT e se julgar na moral de se sentir virtuoso porque o governo Bolsonaro ruiu. O Brasil precisa de opções mais decentes e equilibradas, e é isso que busco daqui pra frente. Eu ajudei a eleger Bolsonaro, e hoje farei o que eu puder fazer para derruba-lo, e para influenciar qualquer um que estiver ao meu alcance a descartar esse senhor de qualquer futura história política nesse país. Espero que lembrem: “e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará!”
Aos que ainda cegamente apoiam o “mito” (que ironicamente acabou como isso mesmo), não percam seu tempo tentando me convencer ou me atacando de alguma maneira, porque eu estou cagando! E se tem uma coisa que nunca me importei foi em querer agradar ou parecer simpático a qualquer rebanho inflamado por motivações políticas.
Qualquer tentativa direta de quebra democrática do atual governo e de seus seguidores me colocará automaticamente ao lado de quem se levantar para enfrenta-los, até as últimas consequências, e sejam ao meu lado quem for. Quanto às Forças Armadas brasileiras, tenho enorme respeito e admiração, e espero que eu não esteja enganado em supor que a grande maioria de seus líderes não se sujeitariam a virar as costas ao povo brasileiro para se submeter aos delírios de um presidente insano, principalmente na conjuntura global de 2020. Além de todos os adjetivos óbvios, seria uma decisão de extrema burrice! O mesmo vale para as outras forças de segurança!
Bolsonaro esses dias disse, perguntado sobre o número de vítimas da pandemia, que não era coveiro. Espero que mais uma vez esteja enganado, e que esteja definitivamente cavando seu túmulo político!