segunda-feira, maio 20, 2024

Sérgio Cabral relata compra de votos na escolha da Olimpíada Rio 2016

RioSérgio Cabral relata compra de votos na escolha da Olimpíada Rio 2016

Em depoimento a Marcelo Bretas, o ex-governador Sérgio Cabral admitiu ter comprado por 2 milhões de dólares, votos que garantiram ao Rio ser sede da Olimpíada de 2016.

Cabral disse que o ex-presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, indicou o presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), Lamine Diack, como intermediário do esquema.

O interrogatório foi um pedido da defesa do ex-governador, que pretende colaborar com as investigações da Operação Unfair Play.

No processo, Cabral é acusado pelo Ministério Público Federal de envolvimento em um suposto esquema de compra de votos no Comitê Olímpico Internacional (COI). Os investigadores querem saber se houve fraude na eleição do Rio para receber os Jogos Olímpicos.

Além de Cabral e de Nuzman, o ex-diretor do COB Leonardo Gryner e o empresário Arthur Soares Filho, conhecido como Rei Arthur, foram denunciados por corrupção devido à suspeita de compra de votos. As defesas negam. Lamine Diack e o filho dele, Papa, são acusados de intermediar o pagamento de US$ 2 milhões.

De acordo com a denúncia do MPF, Cabral, Nuzman e Gryner solicitaram diretamente a Arthur Soares Filho o pagamento de US$ 2 milhões para Papa Diack, para garantir votos para o Rio de Janeiro na eleição da cidade-sede da Olimpíada de 2016, o que configura corrupção passiva. As defesas negam.

Cabral afirmou ainda que os ex-presidentes Lula e Michel Temer e o ex-prefeito Eduardo Paes sabiam de todo o esquema mas que não participaram de nada.

“Eu não sabia qual seria a repercussão de um núcleo europeizado muito forte [na votação]. Nessa natureza, o Nuzman vira pra mim e me fala: ‘Sérgio, quero te abrir que o presidente da IAAF, lamine Diack, ele é uma pessoa que se abre pra vantagens indevidas”, contou ao depoimento.

Além disso, o ex-governador perguntou a Nuzman de onde viriam os votos e como garantiriam a vitória. Segundo Cabral, o ex-presidente do COB teria respondido que viriam de membros africanos do comitê e de representantes do atletismo. Ainda de acordo com o ex-governador, entre os votos comprados está o do nadador Alexander Popov, quatro vezes medalhista olímpico.

“Eu chamei o [empresário] Arthur Soares e falei pra ele da necessidade de conseguir o dinheiro para os votos. Isso foi debitado do crédito que eu tinha com ele. Fui eu que paguei. Eu dei o telefone do Léo [Leonardo Gryner, ex-diretor de operações da Rio 2016] e eles acertaram com esse Papa Diack, filho de Lamine Diack”, contou o ex-governador.

Defesas negam participação na compra de votos

Em nota, a defesa de Carlos Arthur Nuzman disse a Globo que ele “repele veementemente” a “questão da compra de votos”. “Isso não aconteceu. O depoimento do Sr Sérgio Cabral hoje corrobora tudo o que já havia sido dito no decorrer do processo. O Nuzman não recebeu um centavo. Nunca Integrou essa organizado criminosa”, diz o comunicado.

“Não teve nenhum benefício com as obras que aconteceram depois da vitória em 2009. O que Cabral falou sobre compra de votos: ele está condenado a 200 anos de prisão e fala qualquer coisa. E mesmo se tivesse acontecido, isso seria uma corrupção privada, que não é crime no Brasil.”

Leonardo Gryner afirmou, em nota: “Ficou claro que Sérgio Cabral falta com a verdade e não apresenta qualquer prova de seus relatos, mantendo-se integra a prova produzida na instrução criminal que isenta Leonardo Gryner de qualquer responsabilidade! Se houve compra de votos ele não participou!”.

O ex-prefeito do Rio Eduardo Paes disse que não participou de nenhum esquema e que não sabia da compra de votos para escolher o Rio como cidade sede da Olimpíada de 16

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