quinta-feira, maio 9, 2024

Independente do resultado, é preciso aplaudir de pé as meninas do Brasil

Caderno de EsportesCopa do Mundo de Futebol FemininoIndependente do resultado, é preciso aplaudir de pé as meninas do Brasil

Escrevo esse texto sem saber do resultado da seleção feminina contra a França, simplesmente porque independente do resultado, é preciso aplaudir de pé essas meninas.

A comparação com o futebol masculino em termos de retorno, mídia, renda, público, valores, é real, porém desonesta.

Brasil luta muito mas perde para a França e sai da Copa do Mundo de Futebol Feminino

Mesmo com mulheres praticando o esporte bretão desde o século 19, se convencionou no Brasil, que o futebol era um esporte de natureza masculina. Inclusive com decreto presidencial de 1941, de Getúlio Vargas.

Em 14 de Abril de 1941, durante a presidência de Getúlio Vargas, foi-se criado o Decreto-Lei 3199, proibindo a “prática de esportes incompatíveis com a natureza feminina”, entre eles o futebol. Este decreto-lei só seria revogado em 1979.

Dentro disso, ainda tivemos uma iniciativa revolucionária, porém derrubada pelos carolas religiosos de Minas Gerais. Em 1958, tivemos a equipe do Araguari, disputando amistosos que fizeram sucesso de público, inclusive.

“O Araguari Atlético Clube é considerado o primeiro clube do Brasil a formar um time feminino, que em meados de 1958, selecionou 22 meninas para um jogo beneficente em dezembro deste mesmo ano. O sucesso desta partida foi tão grande, que a revista “O Cruzeiro” fez matéria de capa sobre o acontecimento, pois até então, partidas femininas só ocorriam em circos ou em quadras de futsal. Com esta divulgação, houve, nos meses seguintes, vários jogos do time feminino do Araguari em cidades de Minas Gerais (Belo Horizonte inclusive) e também em Goiânia e Salvador.

http://globoesporte.globo.com/mg/triangulo-mineiro/olimpiadas/noticia/2016/08/pioneiras-do-esporte-proibido-historias-do-inicio-do-futebol-feminino-no-brasil.html

Em 1913, houve um evento beneficente, que foi considerado por muitos anos como a primeira partida de futebol feminino no Brasil. Anos depois, porém, foi descoberto que, na verdade, o time “feminino” era formado por jogadores do Sport Club Americano, campeão paulista daquele ano, vestidos de mulher, misturados a “senhoritas da sociedade”.

Desta forma, considera-se que a primeira partida de futebol feminino no Brasil ocorreu em 1921, entre meninas dos bairros Tremembé e Cantareira, na zona norte de São Paulo, conforme noticiado pelo jornal A Gazeta.

É preciso também ressaltar que a seleção brasileira feminina de futebol só foi formada em 1988. O primeiro mundial feminino aconteceu tarde também, em 1991 e o Brasil esteve em todas as Copas com sua melhor participação em 2007, chegando a final.

É preciso ressaltar também que foi uma partida que houve sim mobilização.

Outra coisa, por mais representatividade que tenha, não há ineditismo nenhum na transmissão da Globo, sendo que a Band transmite todas as edições da Copa desde 1991, exibindo até os jogos de outras seleções e com seu principal narrador, Luciano do Vale, incentivador do futebol feminino.

Pelo contrário, a Globo exibe até tarde demais porque perdeu a melhor fase da equipe enquanto seleção.

Por muitos anos, o Brasil sequer teve um campeonato, uma liga, enquanto isso, tivemos uma medalha de prata na Olimpíada de 2004, outra em 2008.

A melhora prometida não aconteceu.

Somente agora temos uma liga, um Campeonato Brasileiro, somente depois de ver um Santos campeão da Libertadores, nossas principais jogadoras fora do país, em grandes equipes, diga se passagem.

A dificuldade do futebol feminino no Brasil ainda é imensa. Existe uma melhora, isso é claro, com equipes como São Paulo e Corinthians com equipes, com as sanções da FIFA, mas ainda falta.

Falta incentivo, falta uma cultura de futebol feminino, da menina saber que pode jogar sem ser vista de mal jeito porque tá jogando. E isso é nas escolas, porque precisamos sim formar novas Martas, Cristianes para que jogadoras espetaculares como Sissi não sejam esquecidas como aconteceu.

Isso passa por incentivo desde cedo, melhores salários (o vôlei feminino cresceu assim), mais patrocinadores, transmissão, mais jogos, mais tudo. É preciso sim equiparar. Isso vai demorar, mas é preciso trabalhar para evoluir cada vez mais nessa direção.

Diante de tantas dificuldades, é preciso além de torcer, incentivar e aplaudir e parar de falar só na época de Copa e Olimpíada. É preciso entrar na rotina, na conversa, que se fale de futebol feminino o ano todo, como falamos do masculino.

Há terreno fértil para isso, só ver é como está a França e os seus estádios lotados, os EUA e o resto da Europa.

Aqui também pode

Meninas, o futebol também é um esporte para vocês.

E a melhor jogadora da história é do nosso país. Isso é relevante demais.

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