segunda-feira, maio 20, 2024

MP em cima do “Tio Jaider”

CarnavalMP em cima do "Tio Jaider"

Policiais civis cumprem hoje (6) 11 mandados de busca e apreensão contra integrantes da escola de samba Acadêmicos do Grande Rio, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Os agentes investigam, junto com integrantes do Ministério Público do Rio de Janeiro, um grupo suspeito de atuar na exploração ilegal de jogos na região e na prática de lavagem de dinheiro.

Tania Bastos / Agencia Brasil

Segundo a Polícia Civil, os alvos da operação são o presidente de honra da Grande Rio, Antônio Jaider Soares da Silva, e mais quatro suspeitos, Leandro Jaider Soares da Silva, Dagoberto Alves Lourenço, Paulo Henrique Melo Rufino e Yuri Reis Soares. Além da busca e apreensão, estão sendo cumpridos o bloqueio e sequestro de bens dos investigados no valor de R$ 20 milhões.

As equipes também estão fazendo buscas na quadra da Escola de Samba Grande Rio, em Duque de Caxias, e no seu barracão, na Cidade do Samba, no centro da cidade do Rio de Janeiro.

De acordo com as investigações, Antônio Jaider é apontado como chefe da organização criminosa, sendo responsável por controlar a exploração de jogos de azar em Duque de Caxias. Ele também figura como sócio de empresas ao lado do filho, Yuri Soares Reis, e do sobrinho, Leandro Jaider Soares da Silva. Os dois são investigados como braços operacionais da quadrilha na operação de lavagem de capitais e no controle financeiro da organização.

Dagoberto Alves Lourenço é citado como homem de confiança de Antônio e Leandro Jaider. Segundo a Polícia, seria dele a responsabilidade pelas operações nas contas bancárias relacionadas às empresas e à escola de samba. Paulo Henrique Melo Rufino é apontado como laranja do grupo e responsável pela lavagem de capitais das contravenções penais de jogo do bicho e jogo de azar.

A investigação policial constatou a existência de várias operações financeiras suspeitas superiores a R$ 100 mil em dinheiro envolvendo os indiciados. Também foi identificada uma série de operações imobiliárias, “configurando a prática da lavagem de capitais com a prática da mescla de ativos ilícitos com atividades econômicas exercidas pelos investigados, além de dissimulação de propriedade de imóveis por meio de pessoas interpostas [laranjas] e de instituições financeiras para dissimular a movimentação, origem e propriedade de recursos ilícitos”, diz a nota da Polícia Civil.



Jaider Soares da Silva, usava uma loja de chinelos e uma casa lotérica para lavar dinheiro proveniente do jogo do bicho.


Segundo a denúncia do MP encaminhada à Justiça, a empresa Bazar Drx de Duque de Caxias, uma loja de calçados que funcionava com o nome fantasia Botequim de Chinelos, que tinha como sócios o filho de Antônio Jaider, Yuri Reis Soares, e Paulo Henrique Melo Rufino, era usada pela quadrilha para fundir “os valores auferidos de modo ilícito com os recursos lícitos dos quais dispunha a empresa”. Ainda segundo os promotores, Yuri e Paulo Henrique eram “laranjas” da quadrilha e forneciam a conta da empresa para que o dinheiro proveniente do jogo ilegal fosse dissimulado. Em 2014, Yuri deixou o quadro societário da empresa.


O MP mapeou uma série de transações bancárias da conta da empresa para as contas dos sócios. Em 2014, por exemplo a empresa remeteu R$ 148 mil a Paulo Henrique. Em contrapartida, Paulo Henrique transferiu a quantia de R$ 174 mil para a empresa. Ao final da investigação, Paulo Henrique e Yuri foram denunciados.

Outro alvo da operação é Leandro Jaider Soares da Silva, sobrinho de Antônio Jaider. De acordo com a investigação, Leandro é sócio de diversas empresas, entre elas a Para Todos Loteria Ltda, uma casa lotérica. De acordo com a denúncia, a empresa, “entre os anos 2006 a 2014, apresentou valores negativos de caixa, bem como receita líquida oscilante, evidenciando a movimentação de valores estranhos a sua atividade mercantil”. Ainda segundo o MP, Leandro, que só em 2012 teve um acréscimo de renda líquida de 211%, apresentou “evolução patrimonial incompatível com a renda declarada evidenciando a dissimulação da movimentação de quantias estranhas a sua atividade profissional” ao longo da investigação.

A investigação também localizou uma movimentação financeira suspeita diretamente para a conta do presidente de honra da Grande Rio. Segundo a denúncia, Antônio Jaider, “no ano de 2012, recebeu a quantia R$ 600 mil de pessoas físicas sem informação quanto à origem”. Para o MP, “sua evolução patrimonial e os gastos com cartão de crédito são incompatíveis com sua renda líquida declarada nos anos de 2006 a 2012”.

A investigação também concluiu que Antônio Jaider também domina o jogo ilegal em Manaus, no Amazonas. Segundo a denúncia, há comprovantes de repasses de empresas do estado da Região Norte “para contas das empresas utilizadas na lavagem de capitais” no Rio.

A investigação é um desdobramento da operação Dedo de Deus, de 2011, que identificou 44 suspeitos de controlar o jogo do bicho na Baixada Fluminense e na Região Serrana do Rio. A operação também está cumprindo o bloqueio e sequestro de bens dos denunciados no valor de R$20 milhões.

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