sábado, maio 18, 2024

Fluminense x LDU.. Dez anos depois

BLOG DO LEOFluminense x LDU.. Dez anos depois

Atualização do mesmo texto escrito ano passado!!

2 de Julho de 2008. Dez anos depois. O que lembrar de uma data inesquecível para toda a torcida tricolor em todo o Brasil e mundo?

Confesso que revi o jogo inteiro no máximo três vezes na minha vida. Uma das vezes foi hoje. Exatamente no horário do jogo. As 21:50 até o seu final, já passando da 1 da manhã.

Parecia que todos os astros se convergiam para que aquela noite se tornasse mágica. Parecia que tava escrito no destino, na história que aquela noite era do Fluminense. Que aquela noite marcaria a data do maior título da história do clube.

Aí eu volto nove anos. Eu tinha 17 anos e ainda estava no ensino médio e tinha recém terminado um namorico com uma menina chamada Carolina, que recentemente morreu de forma absurda e precoce. Fazia teatro de manhã e estudava a tarde e naquela semana do jogo eu estava nervoso já que havíamos perdido em Quito por 4 a 2 num primeiro tempo pavoroso da equipe. A parada de três semanas entre a histórica semifinal contra o Boca Juniors e a final atrapalhou. Deu uma esfriada no ânimo. O planejamento do Fluminense para a primeira partida foi totalmente equivocado. Deveriam ter ido antes para o Equador e não em cima da hora. Ou seja, a altitude fez a diferença também.

Fui pra casa na hora próxima ao jogo já que não consegui ingresso para a final e passei pelo Maracanã de ônibus. Uma festa linda da torcida que eu não me esqueci nunca. Cantava no ônibus junto com os torcedores e ficava ainda mais ansioso, mais coração na boca, batendo forte para aquele jogo começar logo.

A novela não acabava, o rádio já anunciava as escalações, a festa da torcida não foi mostrada ao vivo na Globo. Começou o jogo, apreensão por causa do árbitro Hector Baldassi que já havia roubado Flamengo e Santos em outras ocasiões. Aos cinco minutos… Ygor, ele mesmo que deu mole contra São Paulo e Boca volta a atacar. Na verdade ele volta a errar de forma infantil numa marcação bisonha a Guerron que faz 1 a 0 e joga um banho de água fria em nós.

Eram mais de 86 mil pessoas naquele Maracanã de Dois de Julho de 2008. Era um outro estádio Pré Copa que ainda carregava o charme histórico do maior palco do mundo.

O destino insistia em nos fazer acreditar quando Thiago Neves numa porrada de fora da área no canto empatou o jogo. Correria. Renato Gaúcho que fazia ali um grande trabalho tentava de todas as maneiras. Pênalti não marcado em Washington.

Uma cobrança de lateral e Cícero que a época estava voando deu a bola de presente para o TN10 virar o jogo e devolver a esperança ao Fluminense. Comemorei muito. Lembrei do título anterior, o da Copa do Brasil de 2007 e como foi chorada aquela decisão contra o Figueirense lá em Florianópolis.

Com o final da primeira etapa fui beber água. Tava com o coração a mil. A exemplo dos jogos contra São Paulo e Boca fui rezar. Vai que dava certo dessa vez?

Ygor sai e entra o talismã Dodô

Onze minutos do segundo tempo. Falta. Thiago Neves. Gol. História. 3 a 1. Épico. Êxtase. Um dos gols mais comemorados da história do Maracanã.

Ali eu pensei que realmente iríamos levar a decisão. Incrível como todas as vezes que eu revejo o jogo me dá esse nó que cisma teimar a acreditar que ainda dá, que o quarto gol vai aparecer no vídeo, que o destino vai se modificar.

Ledo engano. A partir daí o que se viu foi uma retranca equatoriana e um Fluminense visivelmente cansado demais.

Acabou o jogo. Prorrogação. A esperança tinha mais meia hora. De sofrimento. Queria logo o gol do título mas não vinha. E não veio. Na prorrogação quase perdemos o jogo. Um gol legal anulado de Bieler e a expulsão de Luiz Alberto como último homem quase levaram a LDU ao segundo gol que praticamente dariam a Libertadores aos equatorianos.

Acabou. Time morto. Mas havia os pênaltis e eu tenho medo disso. Pensei. Fernando Henrique não é de pegar pênalti mas temos bons batedores.

Ali estava o Maracanã em chamas, êxtase, uma catarse fora do comum. Ali seria decidida a Libertadores de 2008, uma das melhores edições dos anos 2000 com grandes jogos e grandes times.

Começava os pênaltis e o resultado todos sabem. Fernando Henrique não soube pegar os pênaltis. Pegou um por sorte. O juiz atrapalhou Thiago Neves que ao cobrar de forma legítima teve sua cobrança anulada. Cevallos que até então era um goleiro medíocre virou herói de um país.

Quando acabou acho que todo mundo ficou em choque sem entender o que aconteceu. Também fiquei assim e depois comecei a chorar copiosamente. Queria entender o porquê. O futebol tem coisas que a razão não explica. A LDU de longe era menos cotada que qualquer time para aquela Libertadores com grandes clubes como o Boca, São Paulo, Santos, Flamengo, Cruzeiro e América do México além do próprio Flu.

O Maracanã ficou calado, em clima de velório, desde 1950 não se via algo assim. Um segundo Maracanazzo.

Houve soberba, houve falta de preparação física adequada, houve falta de sorte e erros de arbitragem também.

Meu sentimento era de tristeza que pensava comigo “A Libertadores não é para o Fluminense”. Eu pensei nessa frase nas três eliminações seguintes em 2011,2012 e 2013.

Meu dia, semana acabou. O dia seguinte na escola não consegui assistir sequer uma aula. A noite uma chuva torrencial. Ainda guardo o vídeo daquela partida. Tudo gravado em fita de vídeo, jornais da época, revistas. Tudo documentado. Mas mal vejo. Não vejo na verdade. Não gosto nem de falar disso mas ali o que eu posso me orgulhar é da torcida do Fluminense que fez uma festa histórica. Mágica, maravilhosa. A maior festa já vista desde muito tempo. Orgulho de ser tricolor. Do time que honrou a camisa sim.

É triste. Ainda me pego pensando o porquê. Acho que todo tricolor no fundo se pergunta isso de vez em quando. Era pra ser ali. Tava tão certo isso que quando a LDU levantou a taça a chuva de papel picado para a festa tinham as cores do Fluminense.

Por que? Aquela geração passou mas essa história jamais será esquecida. Dez anos depois. Nunca irei me esquecer dessa história. E acho que nenhum tricolor também.

Nem se um dia a gente ganhar a Libertadores esse dia vai ser esquecido. Nem deve ser.

Dez anos depois…

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