sábado, maio 18, 2024

O carnaval e eu – Parte 1

BLOG DO LEOO carnaval e eu - Parte 1

Hoje começo uma série de artigos sobre o carnaval e a minha relação direta, que passou por inúmeras transformações em 27 anos de vida.

Brinco com amigos dizendo que já nasci sambando já que no dia 2 de Dezembro é comemorado o Dia do Samba.

Minha mãe trabalhou por alguns anos como empregada da casa de uma passista antiga da Beija-Flor nos anos 80 e 90, Heloísa Helena. E ela me adorava. Minha mãe chegou a ir a Sapucaí assistir aos desfiles em 90 e em 1991, quando eu tinha apenas dois meses.

A partir daí eu passei a assistir carnaval quando era criança mesmo não entendendo nada nas saudosas transmissões da Manchete ( saudosas porque a Manchete acabou e porque aquele nível de transmissão do carnaval nunca mais veremos).

Um carnaval que eu me lembro bem quando criança foi o de 1997, que a Viradouro ganhou com “Trevas! Luz! A explosão do universo”, aliás estou assistindo este desfile agora. A partir dali passei a me considerar torcedor da Unidos do Viradouro.

Acompanhei um pouco mais 1998, com a dupla de vencedores Mangueira e Beija-Flor e principalmente o tri da Imperatriz, que fez desfiles belos e corretos naqueles três anos.

Me lembro em casa assistindo a apuração em 2000, do choro do Neguinho da Beija-Flor com a derrota de sua escola mais uma vez.

Em 2001, eu torci para a Tradição e na inocência de quem não sabia nada de carnaval achava que ela fosse ganhar. Mal sabia eu que a Tradição é uma escola mediana perto de outras e sem tantos recursos. Torci por causa do enredo de Silvio Santos que trouxe um elenco estrelado do SBT no desfile.

Mas naquele 2001, deu Imperatriz numa vitória justíssima. Depois olhando o desfile pelo YouTube chego a essa conclusão apesar do fantástico desfile da Beija-Flor também.

Em 2002, deu Mangueira falando do meu Nordeste.

A partir dali começou a hegemonia da Beija-Flor nos carnavais dos anos 2000.

E eu comecei a acompanhar de forma melhor o carnaval.

Passei a assistir a todos os desfiles. Os de São Paulo, cujo carnaval eu gosto muito, o do acesso na CNT chamado carnaval do povo e o do especial no Rio.

Anotava os enredos, toda a ficha técnica das escolas quando num tempo sem internet anotava pela televisão.

Pelo simples gosto do carnaval e também já demonstrando a área que eu iria seguir.

Pensava e sonhava estar na Sapucaí cobrindo os desfiles.

Não sei o que eu iria fazer. Só queria estar ali.

Anotava depois a apuração em revistas das Casas Bahia, aquelas que tinham os preços e fazia daquelas revistinhas, a minha revista própria fazendo a minha cobertura do carnaval mesmo que imaginária pra mim.

Anotei todas as notas dos desfiles de 2002 a 2008.

Acho que tenho em algum lugar em casa guardado tudo isso.

Entrei numa quadra pela primeira vez em 2006 após o título da Vila Isabel. E me impressionou o tamanho daquilo tudo, a imensidade que era o título para aquelas pessoas, aquela comunidade.

Em 2006 a hegemonia da Beija-Flor foi quebrada com o título da Unidos de Vila Isabel, com o “Soy Loco por ti América” numa disputa apertada com a Grande Rio.

Em 2007, eu já não era mais torcedor da Viradouro, não tinha mais uma escola do coração. Gostava de todas, do espetáculo em si. Mas torci muito por ela e achei muito injustiçada nas notas.

Na verdade a gente vê coisas que os jurados não enxergam e vice versa.

Naquele ano, a Beija-Flor voltou a vencer.

Em 2008, eu não acompanhei os desfiles. Viajei num retiro da minha igreja e não teve como ver os desfiles da televisão mas a apuração eu vi e mais uma vez, Beija-Flor campeã.

Em 2009 eu já não anotava mais em revistas. E viajei de novo mas vi e fiquei feliz com a vitória do Salgueiro.

2010 não viajei, assisti tudo e foi um dos carnavais que mais gostei de ver e a vitória da Tijuca, que eu adorei achei justa. Pelo enredo. Ali foi a libertação de Paulo Barros, mostrando que seu estilo poderia ser campeão.

A partir daí em 2011 a 2014 não assisti carnaval na televisão praticamente.

Foi minha fase dos blocos carnavalescos.

Ipanema foi a minha casa nesses anos.

Dias e dias de blocos e blocos.

Em 2012 meu carnaval foi diferente. Gravei um vídeo como repórter para o projeto CDD NA TELA num bloco carnavalesco em Ipanema e fiz uma matéria muito engraçada, num estilo diferente. Mas ficou nisso.

https://www.youtube.com/watch?v=GJzk6l2fQOc

Me afastei dos desfiles, da televisão apesar que vi o da Vila em 2013, campeão com sobras, me baseando no que vi depois no YouTube.

Em 2013 estava me preparando para trabalhar na Globo durante o período do carnaval então aproveitei aqueles dias pra sair pra blocos. Cheguei a ir a uma boate e ir direto para um bloco em Santa Teresa de manhã e depois emendar com o Cordão do Bola Preta. Sem condições.

Ali eu estava totalmente por fora dos desfiles, das escolas, das pessoas, tudo.

Em 2014 a mesma coisa. Só que viajei de novo para o retiro. Naquele momento eu só queria descansar.

Não acompanhei nada, só sabia que a Unidos da Tijuca tinha ganho com um enredo sobre o Senna.

Minha vida mudou após entrar no meio do carnaval.

Hoje eu amo a festa, mas não só ela em si. Tudo que envolve o carnaval é incrível porque faz parte da nossa cultura.

Converso com amigos que antigamente compravam os discos dos sambas enredo e eu me lembro que antes do carnaval todo mundo sabia todos os sambas decorados.

Hoje a mídia, principalmente a Globo que é quem detém esse poder trata o carnaval como um mero produto televisivo, mesmo com profissionais de alto gabarito lá dentro.

Carnaval gera renda, gera empregos e esse ano em específico passou por sérias dificuldades por conta da crise financeira do município, refletida pelo corte de verba as escolas e principalmente por uma má gestão da Liesa, apesar que isso ninguém fala.

O carnaval tem luz própria, não é a toa que é a maior festa popular do planeta.

Mais que isso, a partir do momento que eu vi o que era o carnaval de verdade me tornei outro profissional, outra pessoa.

E isso veio no final de 2014, onde eu sem emprego consigo vaga pra trabalhar nos ensaios técnicos pelo site SRZD.

Mas isso é história para a segunda parte dessa série.

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