Texto de Celso Nogueira para o R7 – Texto reproduzido pelo BLOG
Em texto recheado de falhas, blogueira do jornal deturpa a bíblia para tentar atingir a Record TV e sua novela Apocalipse
A maior gafe da história do jornalismo brasileiro remete aos anos 90 quando a Folha de S. Paulo afirmou, categoricamente, que Jesus Cristo morreu enforcado. Tornou-se um clássico. Ajudou a transformar em coluna de humor a seção Erramos. Em 7 de dezembro de 1994, dia seguinte ao enforcamento de Jesus, o jornal saiu com a correção: “Diferentemente do que foi publicado no texto ‘Artistas ‘periféricos’ passam despercebidos’, à pág. 5-3 da edição de ontem da Ilustrada, Jesus não foi enforcado, mas crucificado, e a frase ‘No princípio era o Verbo’ está no Novo, não no Velho Testamento”. Quem achava que era uma desculpa errou. O leitor descobriu hoje que aquele era o prenúncio da mais pretensiosa missão dos colaboradores do jornal: a Folha quer reescrever a Bíblia.
Num texto recheado de falhas, uma blogueira do jornal deturpa o livro sagrado para tentar atingir a Record TV e sua novela Apocalipse, que anuncia para terça-feira (6) um de seus capítulos mais emocionantes. O folhetim vai tratar do arrebatamento, momento crucial da Bíblia em que Cristo retorna para oferecer a salvação aos seus seguidores.
Ávida por jogar pedras no folhetim, a “jornalista” comete uma heresia imperdoável na pretensão de mudar o livro bíblico. Na sua autossuficiência cada vez mais injustificável, a Folha de S. Paulo reinterpreta as sagradas escrituras e enforca a verdade. Assim escreveu a blogueira referindo-se ao capítulo de Apocalipse “vários personagens simplesmente desaparecerão da trama, sob o pretexto de que não seguiram Jesus. A permanência em cena só será assegurada àqueles que seguiram o Filho de Deus, mas muitos que pensam que serão salvos, na verdade, serão defenestrados”. Que sejamos perdoados. A profeta da Folha torceu e inverteu o livro mais lido do planeta e o primeiro grande livro impresso na Europa Ocidental. A Bíblia diz que os salvos que estão vivos serão levados para o Céu, junto com Jesus. Ou seja, quem sai de cena é justamente quem segue Jesus e não o contrário ao que escreveu a blogueira, em mais uma interpretação da Folha de S. Paulo de arrepiar teólogos e religiosos.
Ao que pese a vontade do jornal em reescrever a Bíblia, o texto é apenas mais uma peça da campanha sistemática que o periódico dedica contra a Record TV e a suas produções. O tiroteio sem pontaria pode ter origem no declínio comercial do Grupo Folha, cujo carro-chefe vem perdendo fatias consideráveis de seus leitores nos últimos anos. Público que, certamente, desistiu das fábulas da Barão de Limeira.
O prédio de pastilhas amarelas é um armazém de criatividade — que ajuda a camuflar o despreparo e desconhecimento de alguns de seus colaboradores. No texto de hoje, a blogueira afirma que a novela vai promover uma chacina de personagens em função do arrebatamento que ela entendeu tão bem. A saída de alguns personagens nesta situação estava prevista desde o início do script, que inclusive foi distribuído para imprensa. Mas, para quem nem leu o livro mais vendido do mundo, não ler a sinopse da novela é compreensível.