Ontem saiu a notícia na coluna do Flávio Ricco no UOL que a Band desistiu de produzir o programa Pânico na Band a partir do ano que vem.
A queda de anunciantes, audiência, relevância e de qualidade do elenco foram fundamentais para isso. Se a cada ano as mudanças eram constantes, no próximo ano eles precisarão de outra emissora para empregar a sua trupe.
Saiu no Estadão, que o Pânico quer ir para o SBT ocupar as noites de sábado já que domingo é de Silvio Santos. As partes não se manifestaram.
O próprio Pânico não se manifestou sobre o encerramento do programa pela Band.
A emissora do Morumbi que só tem olhos para o já cansativo MasterChef e tem um bom jornalismo afunda nas outras questões.
Mas a crítica é o Pânico em si. Eu já tava a fazer esta crítica faz tempo pra fazer uma seguinte pergunta: O Pânico hoje tem graça?
Alguém se diverte assistindo ao programa hoje?
Talvez 4,9 de audiência média semanal diga que sim mas é notória e clara a mudança para pior de um programa que já foi referência no humor anárquico.
Surgido em 2003 ainda na Rede TV, o Pânico trouxe várias características do rádio: a descontração, o estilo rápido e a pegada anárquica, o que naquela época era revolucionário.
Só poderia ser na Rede TV, porque em outras emissoras certamente a vida seria curta, basta lembrar a experiência de Marcos Mion na Band e o genial “Descontrole”.
A emissora e o programa cresceram juntos chegando ao ponto de incomodar a Globo, o SBT e a Record no horário, liderando algumas vezes.
Quem não se lembra das Sandálias da Humildade com Clodovil? As esquetes do Homem Aranha Gay ou então as intervenções de Silvio Santos e Repórter Vesgo?
Ali era humor. Era engraçado de se ver.
Ainda somado ao frescor do novo, do que era novidade na época, o Pânico foi absorvendo o público jovem e fazendo cada vez mais sucesso.
Virou moda a dança do siri, as paródias com Marília Gabriela, Jô e tantos outros.
As Panicats eram uma atração a mais para a garotada mas a partir de 2008 houve um início de exagero na nudez que ficou apelativo. Não vou ser hipócrita em dizer que na época eu não curti. É lógico. A matéria em Tambaba da Praia de Nudismo da Mulher Samambaia está na minha retina até hoje, mas tudo que é demais é ruim.
Sabrina Sato também dava um molho diferente ao programa, que ainda na emissora do Alphaville começou a dar sinais de desgaste.
Mas ainda longe do que vemos hoje.
2012 e o Pânico sai brigado da Rede TV direto para a Band onde na estreia já começa renovado, muito bem e dá sinais de que o velho humor estava cada vez melhor e com novos integrantes como Guilherme Santana por exemplo.
Edu Sterblitch vem de 2008 e renovou o programa naquela época ainda na Rede TV. Ou seja, quando alguém desgastava, outro vinha e continuava e não deixava o programa cair. Foi o que aconteceu com ele, Carioca, Christian Pior e etc.
Na Band o início foi promissor com Carioca imitando Boris Casoy maravilhosamente. Algumas esquetes funcionaram mas a partir de 2013 o programa entrou numa linha incompreensível de apelar para a violência e a nudez gratuita além do bullying.
Apesar de ser tudo armado, pegou muito mal raspar a cabeça da Babi Rossi ao vivo no programa, pegou mal criar uma rixa entre Edu e Gui Santana e transformar o último no alvo preferido da zoeira, sem aproveitar o imenso talento do humorista.
As novas Panicats eram interessantes mas longe do mesmo carisma das anteriores.
Sabrina saiu, foi para a Record onde está muito bem até hoje.
Ceará foi sendo esvaziado no programa, assim como Vesgo e etc.
Qual foi o mote do programa até hoje? Bundas, humilhação gratuita, objetificação da mulher, pra sempre ter close de bunda.
Integrantes que entraram, saíram e não tinham relevância alguma e uma molecagem juvenil nas piadas longe do bom gosto e mais importante, da graça.
Bolinha e suas humilhações as Panicats, em brincadeiras que não possuem graça são outro exemplo.
Com esse tipo de humor o Pânico não faz a menor falta.
Com esse tipo de humor, o Pânico perde audiência (na TV, já que na Internet a audiência é absurdamente grande), relevância e anunciantes.
Quando passa do ponto é ruim, ficou ruim para Emílio Surita e sua turma que devem repensar o humor que fazem, não que deva ter limite mas tirar do programa aquilo que não é humor e sim apelação.
Faz sentido ter concurso da novinha do funk?
O objetivo ali é colocar meninas gostosas pra dançar e fazer a alegria da molecada.
Simples. Humor zero.
Uma hora a conta chega.
Para voltar a TV, é preciso repensar o programa sim.
No rádio, o Pânico é excepcional. Na TV parece que desaprenderam a fazer humor que seja realmente engraçado e sem precisar recorrer a bundas para isso.
Que o Pânico respire e encontre o seu lugar para o bem dos talentos que ainda existem lá dentro.
Eu como telespectador desde 2003 já imaginava que isso fosse acontecer.