sábado, maio 11, 2024

De revolucionário a apelativo e violento – O fim do Pânico na Band

BLOG DO LEODe revolucionário a apelativo e violento - O fim do Pânico na Band

Ontem saiu a notícia na coluna do Flávio Ricco no UOL que a Band desistiu de produzir o programa Pânico na Band a partir do ano que vem. 

A queda de anunciantes, audiência, relevância e de qualidade do elenco foram fundamentais para isso. Se a cada ano as mudanças eram constantes, no próximo ano eles precisarão de outra emissora para empregar a sua trupe. 

Saiu no Estadão, que o Pânico quer ir para o SBT ocupar as noites de sábado já que domingo é de Silvio Santos. As partes não se manifestaram. 

O próprio Pânico não se manifestou sobre o encerramento do programa pela Band. 

A emissora do Morumbi que só tem olhos para o já cansativo MasterChef e tem um bom jornalismo afunda nas outras questões. 

Mas a crítica é o Pânico em si. Eu já tava a fazer esta crítica faz tempo pra fazer uma seguinte pergunta: O Pânico hoje tem graça? 

Alguém se diverte assistindo ao programa hoje? 

Talvez 4,9 de audiência média semanal diga que sim mas é notória e clara a mudança para pior de um programa que já foi referência no humor anárquico. 

Surgido em 2003 ainda na Rede TV, o Pânico trouxe várias características do rádio: a descontração, o estilo rápido e a pegada anárquica, o que naquela época era revolucionário. 

Só poderia ser na Rede TV, porque em outras emissoras certamente a vida seria curta, basta lembrar a experiência de Marcos Mion na Band e o genial “Descontrole”. 

A emissora e o programa cresceram juntos chegando ao ponto de incomodar a Globo, o SBT e a Record no horário, liderando algumas vezes. 

Quem não se lembra das Sandálias da Humildade com Clodovil? As esquetes do Homem Aranha Gay ou então as intervenções de Silvio Santos e Repórter Vesgo? 

Ali era humor. Era engraçado de se ver. 

Ainda somado ao frescor do novo, do que era novidade na época, o Pânico foi absorvendo o público jovem e fazendo cada vez mais sucesso. 

Virou moda a dança do siri, as paródias com Marília Gabriela, Jô e tantos outros. 

As Panicats eram uma atração a mais para a garotada mas a partir de 2008 houve um início de exagero na nudez que ficou apelativo. Não vou ser hipócrita em dizer que na época eu não curti. É lógico. A matéria em Tambaba da Praia de Nudismo da Mulher Samambaia está na minha retina até hoje, mas tudo que é demais é ruim. 

Sabrina Sato também dava um molho diferente ao programa, que ainda na emissora do Alphaville começou a dar sinais de desgaste. 

Mas ainda longe do que vemos hoje. 

2012 e o Pânico sai brigado da Rede TV direto para a Band onde na estreia já começa renovado, muito bem e dá sinais de que o velho humor estava cada vez melhor e com novos integrantes como Guilherme Santana por exemplo. 

Edu Sterblitch vem de 2008 e renovou o programa naquela época ainda na Rede TV. Ou seja, quando alguém desgastava, outro vinha e continuava e não deixava o programa cair. Foi o que aconteceu com ele, Carioca, Christian Pior e etc. 

Na Band o início foi promissor com Carioca imitando Boris Casoy maravilhosamente. Algumas esquetes funcionaram mas a partir de 2013 o programa entrou numa linha incompreensível de apelar para a violência e a nudez gratuita além do bullying. 

Apesar de ser tudo armado, pegou muito mal raspar a cabeça da Babi Rossi ao vivo no programa, pegou mal criar uma rixa entre Edu e Gui Santana e transformar o último no alvo preferido da zoeira, sem aproveitar o imenso talento do humorista. 

As novas Panicats eram interessantes mas longe do mesmo carisma das anteriores. 

Sabrina saiu, foi para a Record onde está muito bem até hoje. 

Ceará foi sendo esvaziado no programa, assim como Vesgo e etc. 

Qual foi o mote do programa até hoje? Bundas, humilhação gratuita, objetificação da mulher, pra sempre ter close de bunda. 

Integrantes que entraram, saíram e não tinham relevância alguma e uma molecagem juvenil nas piadas longe do bom gosto e mais importante, da graça.

Bolinha e suas humilhações as Panicats, em brincadeiras que não possuem graça são outro exemplo.  

Com esse tipo de humor o Pânico não faz a menor falta. 

Com esse tipo de humor, o Pânico perde audiência (na TV, já que na Internet a audiência é absurdamente grande), relevância e anunciantes. 

Quando passa do ponto é ruim, ficou ruim para Emílio Surita e sua turma que devem repensar o humor que fazem, não que deva ter limite mas tirar do programa aquilo que não é humor e sim apelação. 

Faz sentido ter concurso da novinha do funk? 

O objetivo ali é colocar meninas gostosas pra dançar e fazer a alegria da molecada. 

Simples. Humor zero.  

Uma hora a conta chega. 

Para voltar a TV, é preciso repensar o programa sim. 

No rádio, o Pânico é excepcional. Na TV parece que desaprenderam a fazer humor que seja realmente engraçado e sem precisar recorrer a bundas para isso. 

Que o Pânico respire e encontre o seu lugar para o bem dos talentos que ainda existem lá dentro. 

Eu como telespectador desde 2003 já imaginava que isso fosse acontecer. 

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