sábado, maio 18, 2024

A Rádio Globo errou?  

BLOG DO LEOA Rádio Globo errou?  

A Rádio Globo durante muitos anos foi líder absoluta de audiência no rádio do Rio de Janeiro. 

Dominou o dial, mesmo com a concorrência pesada de Rádio Tupi, Manchete e Nacional durante anos. 

Só que nos últimos anos a Globo foi perdendo espaço e audiência para a Tupi muito graças ao frustrante plano de nacionalizar a programação, tornando a em rede. 

Só que rádio é bem diferente da televisão por ter uma linguagem mais parecida com o povo o que torna complicada uma programação que não seja regionalizada principalmente nos programas populares e no futebol. 

Só que a Rádio Globo tomou uma decisão ousada. Após sucessivas mudanças de programação e direção durante anos, inclusive no próprio dial que não resultaram em uma melhora significativa, a Globo resolveu mudar tudo. 

Toda a programação, objetivos e público alvo, o chamado target foram modificados. A busca agora era de um público diferente, mais jovem, mais antenado, adotar uma postura mais liberal assim como a própria TV Globo adota. 

Mudaram as vinhetas, a logo, programas, tudo. 
É significativa a diferença de objetivo quando você vê que o Show do Antônio Carlos e o Padre Marcelo Rossi, únicos programas que deixavam a Globo em primeiro lugar são trocados pelo Café das Seis, dos poucos conhecidos do público Fernando Ceilão e Mariliz Pereira Jorge e o Programa do Otaviano Costa num estilo semelhante ao que vemos em rádios como Jovem Pan, Transamérica e um pouco a linguagem jornalística informal da Band News. 
Um outro público. 
Todo o público que escutava Antônio Carlos na Globo migrou todo para a Tupi, é diferente da TV onde existe um público já habituado a Globo. No rádio o hábito é com o locutor, o comunicador. 

A Rádio Globo errou ao mexer?

Sim e Não. Por que?

Existe dentro do rádio uma grande discussão sobre isso.

Sim, porque é preciso levar em conta que o público de rádio no Rio de Janeiro é diferente de São Paulo, Belo Horizonte e etc. Todos são diferentes. 

O público do Rio de Janeiro na sua maioria é formado de pessoas que são remanescentes do  rádio AM que ainda sobrevive. Não é um público jovem na maioria, um dos fatos que explica o grande sucesso de comunicadores como Antônio Carlos, Clóvis Monteiro, Pedro Augusto, Garotinho. 

O público jovem prefere ouvir música, pra quem gosta de notícias vai ouvir Band News e CBN. 
 

A  Globo ainda não achou seu tom, o público jovem ainda não embarcou e a programação ainda peca. 

Exemplo: Domingo meio dia o que você imagina ouvir?  Futebol. 

Por mais de quarenta anos a Globo só falou de futebol nesse horário. Criou um público totalmente acostumado com as transmissões de Waldir Amaral, Jorge Curi, José Carlos Araújo e Luiz Penido. 

E o que toca agora? Música. 

Complicado conseguir um novo público agora. O programa de esportes antes do futebol as 16 horas é repleto de matérias frias que poderiam ser exibidas em qualquer horário. 

O Café das Seis é um bom programa, eu particularmente gosto de ouvir mas perde ainda para a concorrência em qualidade, quadros, fala do trânsito, dá as últimas notícias mas nesse sentido a própria CBN ainda é melhor, mesmo que para seu próprio público. A questão é que os apresentadores não são conhecidos do público de rádio. Mariliz é uma ótima jornalista, me lembro dela na Folha de São Paulo. 

O Programa de Otaviano Costa não apresenta nada de novo em relação a outros. É um típico programa musical de rádios FM. Já disse que esse público que escutava Padre Marcelo nesse horário se sente sim órfão e um novo demora pra parar e ouvir. 

Eu gosto muito do Papo de Almoço, pelas boas entrevistas especialmente as sextas com o Cláudio Manoel, mas o público mais popular as vezes prefere a Patrulha da Cidade na TUPI e o péssimo programa do Pedro Augusto. 

Redação Globo é um ótimo jornal e o Pop Bola continua sendo um dos destaques, numa excelente fase. 

Falta ainda uma programação que chame mais a atenção do público. 

Padre Marcelo e Roberto Canázio, remanescentes da fase anterior estão quase a margem em horários ruins para a audiência que eles conseguem. 

Existe até um movimento nas redes sociais para que Canázio volte para a Rádio Tupi, onde trabalhou por anos. 

Mas nem tudo é ruim na emissora dos Marinho. 

Existe algo muito positivo nessa mudança

Houve uma coragem e uma leitura correta de que a programação precisava ser “atualizada”. Em 2017 a programa tinha cara de anos 90, início dos anos 2000.
A Globo foi buscar no mercado soluções para uma nova forma de comunicação. 

Resolver sair da concorrência com a Tupi para buscar um novo público não é fácil não. 

Sinceramente acho que dará certo, e olha que escuto rádio desde criança e vejo que a Globo seguiu um rumo natural para o rádio mesmo que no momento pareça um suicídio. 

É preciso paciência. Do público, dos anunciantes e da sua direção. 

Com isso o público vai se acostumando, vai se maturando e a audiência vem aos poucos. Claro que somado a bons programas, com qualidade. 

No rádio assim como a TV é preciso o costume. Uma hora a Globo que voltou a liderança em São Paulo, por exemplo vai retomar a audiência que outrora perdeu. 
O tempo vai mostrar que foi uma inovação ou um fracasso retumbante. 

Não há saída. A Tupi que hoje se equilibra na sua audiência e nos seus poucos anunciantes vive um grave momento financeiro. Ser líder não significa que sua programação seja boa. É subjetivo. 
Unir qualidade e modernidade é o maior desafio da Rádio Globo hoje. 

Vejo que pesou o fato de ser a Globo quem mudou. Se fosse uma outra rádio as críticas a mudança não seriam as mesmas. 

A Globo tem peso, história. Toda e qualquer mudança causa grande repercussão. 

A Globo escolheu um caminho que não dá pra voltar atrás. 

Voltar atrás é admitir um erro ao mudar? 
O jeito é seguir como está. 

O processo é lento, demorado porém contínuo. 

A Rádio Globo ainda vai se recuperar. Se não for agora não será tão cedo.

Check out our other content

Check out other tags:

Most Popular Articles