segunda-feira, maio 20, 2024

Sérgio Cabral – Do céu ao Inferno

BLOG DO LEOSérgio Cabral - Do céu ao Inferno

Com informações da BBC

O ex-governador Sérgio Cabral foi preso na manhã dessa quinta feira em mandato de prisão decorrente da Operação Calicute que mostrou que Cabral está envolvido num esquema de propina de obras públicas que teria desviado cerca de 220 milhões de reais.

Cabral hoje preso e completamente no ostracismo da política é o mesmo que foi reeleito em 2010 para Governador no primeiro turno com 66% dos votos

A partir de 2011 o jogo começou a virar.

Entenda o início, a ascensão e a queda de Sérgio Cabral Filho.

Início como cabo eleitoral de Tancredo Neves 

Entrou na política no início dos anos 1980 na juventude do PMDB. Em 1982 foi articulador da campanha de seu pai Sérgio Cabral, em eleições para vereador. Em 1984, foi coordenador do Comitê Pedro Ernesto em apoio a Tancredo Neves. Em março de 1987 ingressou na vida pública quando assumiu a Diretoria de Operações da Turisrio, Companhia de Turismo do Estado do Rio de Janeiro, no governo Moreira Franco.

Cabral foi eleito pela primeira vez em 1990 como deputado estadual pelo PSDB com grande apoio dos idosos – ele organizava bailes da terceira idade no Rio. Foi reeleito outras duas vezes, em parte por se aproximar do eleitor recusando mordomias na Assembleia e indo ao trabalho com o próprio carro.

Candidaturas para Prefeitura do Rio em 1992 e 1996

Em 1992 se candidatou a prefeito pelo PSDB, na sua propaganda ele dizia ter orgulho do PSDB por ser um partido muito ético, segundo ele. Aproveitando a alta popularidade do então prefeito Marcello Alencar e a impopularidade de Leonel Brizola no governo do estado, Cabral lançou o slogan “Quero ser um novo Marcelo sem o Brizola para atrapalhar”. Mesmo com o apoio das lideranças fortes do PSDB Mário Covas, José Serra e o então Senador Fernando Henrique Cardoso ficou em quarto lugar, abaixo de depois Cesar Maia e Benedita da Silva, que se passaram ao segundo turno, e  Cidinha Campos que ficou em terceiro, mas à frente de Alfredo Sirkis, Amaral Neto, Francisco Dornelles (atual Governador em conjunto com Pezão), João Mendes e Regina Gordilho.

Foi candidato novamente em 1996 pelo PSDB mas perdeu no segundo turno para Luiz Paulo Conde do PFL. 

Em 2000, mesmo cotado preferiu apoiar Conde para reeleição, mas este perdeu para César Maia.

Cabral e Garotinho aliados de primeira hora



Em 2002, Cabral foi eleito senador com o apoio do ex-governador Anthony Garotinho e de Rosinha Garotinho que venceu a eleição no Primeiro turno com uma gigantesca aliança de partidos de centro direita e esquerda.

Cabral Governador em 2006

Garotinho, que também foi preso na mesma operação da Polícia Federal esta semana, ainda o ajudou a se eleger governador em 2006, só que depois Cabral renegou esse apoio depois.

Cabral venceu a juíza Denise Frossard do PPS no segundo turno.

Apoio do PT 

Em 2010, Cabral também recebeu o apoio do PT. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que também é investigado na Lava-Jato chegou a subir nos palanques para fazer campanha.

Deu muito certo a idéia de que um governo de parceria entre o município, estado e o governo federal criaria uma estabilidade e crescimento para o Estado. Foi o que aconteceu. De início projetos como a UPA 24 Horas e a UPP deram muito certo servindo de mote para a reeleição em 2010 com 66% dos votos.

Nessa época já começava a ser denunciada as ligações escusas de Adriana Cabral, mulher de Sérgio Cabral na época com os empresários de ônibus, especialmente Jacob Barata, o maior gângster do setor de ônibus no Rio de Janeiro.

O Rio Olímpico

Em 2009, junto com o então presidente Lula, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, e o então prefeito do Rio, Eduardo Paes, Cabral assinou o contrato que oficializou o Rio como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Cerca de 30 mil pessoas comemoraram o feito na praia de Copacabana – o clima era de euforia e vitória.

Reviravolta com tragédia
O jogo virou para Cabral em 2011, quando foi revelada sua amizade com Fernando Cavendish, da Delta Construções, após a queda de um helicóptero a caminho da Bahia, onde o empresário comemoraria seu aniversário matando a então nora de Cabral, namorada de Marco Antônio Cabral, hoje secretário de esportes do Estado.
Na época, Cavendish, o mesmo que o entregou à Polícia Federal em sua delação, era acusado de tráfico de influência no governo federal – sua empresa faturou R$ 11 bilhões de dinheiro público em obras feitas entre 2007 e 2012.

Somente em 2011, a Delta havia faturado R$ 1,4 bilhão em obras públicas no Rio.

Luxo e escândalos

A situação piorou em 2012, quando Garotinho, seu ex-aliado político, publicou fotos de Cabral e seus secretários dançando em jantares luxuosos em Paris com Cavendish. Uma das fotos mostrava os secretários de Cabral dançando com guardanapos na cabeça.

Caso Amarildo e a crise das UPPS

Em 2012, o gargalo da UPP começou a afinar com a volta do tráfico em grande presença nas favelas. A morte do padeiro Flávio no Morro dos Macacos, morto pelos traficantes do Morro, por demonstrar simpatia a UPP até hoje não foi esclarecida mostrando que o projeto de ocupação foi mal feito.
No ano seguinte, caiu sobre o ex-governador o peso do Caso Amarildo, o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza em julho de 2013 logo após prestar depoimento na UPP da Rocinha. O caso ganhou ampla repercussão popular e na imprensa e este ano 12 dos 25 policiais militares denunciados pelo desaparecimento e morte de Amarildo foram condenados a penas de reclusão.

Helicóptero pessoal e protestos



Ainda em 2013, a revista VEJA revelou que Cabral gastava R$ 312 mil mensais em helicópteros que levavam sua família para passear.
Com a ebulição dos protestos de junho de 2013, a população do Rio se voltou contra Cabral, e a popularidade de seu governo despencou de 45% para 12%, segundo medição do Ibope. Protestos eram constantes e ele era frequentemente vaiado em solenidades.

Cabral chegou a tentar reverter a situação devolvendo aos cofres públicos o valor referente a suas diárias de hotel em uma viagem privada que fez à França em 2008, mas sua popularidade nunca foi recuperada.

Anel de R$ 800 mil



Em 2014, seu vice Luiz Fernando Pezão foi eleito governador do Rio, mas Cabral voltou aos holofotes no mês passado, quando Cavendish afirmou em sua delação premiada que, em 2009, pagou por um anel de R$ 800 mil para que Cabral presenteasse sua mulher, Adriana Ancelmo, em seu aniversário. Em nota, o governador confirmou o presente, mas disse não saber o valor do anel na época. Ele também disse ter devolvido o presente após as denúncias contra a Delta.

Cabral com uma baixa popularidade renunciou ao cargo em Abril de 2014, ficando praticamente no anonimato com quase nenhuma aparição pública após a renúncia.

Prisão
Cabral foi preso na manhã desta quinta-feira (17) no Rio. Ele recebeu dois mandados de prisão preventiva, um expedido pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, e outro pelo juiz Sergio Moro, em Curitiba.
Os mandados dizem respeito a duas operações diferentes – a Calicute, tida como um braço da Lava Jato no Rio, com base na delação premiada do empresário Fernando Cavendish, e a própria Lava Jato, baseada na delação da Andrade Gutierrez e da Carioca Engenharia.

A operação Calicute, responsável pelo mandado de prisão de Cabral, investiga o desvio de recursos públicos federais em obras realizadas pelo Governo do Rio de Janeiro, um prejuízo estimado em mais de R$ 220 milhões. O nome da operação é uma referência à cidade na Índia onde Pedro Álvarez Cabral, descobridor do Brasil, se envolveu em uma sangrenta disputa com comerciantes locais, em um episódio conhecido com “Tormenta de Calicute”.

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