Renan Portela
Eu dizia a alguns dias conversando com um amigo, que Crivella já tava eleito prefeito e elogiei a mobilização da campanha do Freixo, e disse que só algo muito grande e fora do padrão poderia dar alguma ultima chance pro candidato do PSOL.
A covardia do Crivella em não ir na entrevista do RJTV foi um tiro no pé, e demonstrou uma atitude de bundão. E se não for no debate de sexta a sua situação pode ficar ainda pior (se for já vai ter que ser muito sagaz pra tentar apagar o erro). Se os criticos do Freixo chamam ele de bundão pela maneira que enxerga o combate ao crime, também precisam ser honestos para considerar Crivella um bundão.
Crivella alegou que não estava no Rio (mesmo depois de ter acertado a entrevista), e que mesmo que estivesse não iria porque a Globo estaria o perseguindo, etc. Numa atitude absolutamente ridicula numa campanha, e numa falta de estratégia absurda. Como se o Freixo não tivesse nenhum problema com a Globo né? Mas foi lá e deu a cara a tapa.
Aliás eu considero muito curioso o fator “Globo” no Brasil. Em toda página de esquerda a Globo é de direita, e em toda página de direita a Globo é esquerdista. Parece o debate do primeiro turno que os eleitores do Bolsonaro juravam que ele detonou o Freixo, e os eleitores do Freixo juravam que ele detonou o Bolsonaro.
Também não posso deixar de dizer, dando meus parabéns ao Freixo, que tenho bastante certeza de que se fosse o Freixo a faltar numa entrevista na Globo abrindo mão de uma grande audiência por ser a Globo, e alegando que é porque a Globo o persegue, que os eleitores do Freixo rapidamente diriam que ele “lacrou”.
Mas não existe “se” nessa história. O fato é que Freixo deu a cara a tapa, e Crivella se escondeu em posição fetal enquanto tentava (de maneira fracassada) passar a imagem de rebeldezinho.
Assim como outra falha na campanha do Crivella que pode custar muito caro é a confiança exagerada e o clima de já ganhou. As pessoas costumam se mobilizar mais para favorecer o “mais fraco” em disputas assim, e o efeito contrário acontece com quem já canta vitória. Fenômeno semelhante eu vejo na campanha da Hillary nos Estados Unidos, embora isso lá possa ter mais peso já que o comparecimento na zona eleitoral não é obrigatório.
Acho que a covardia do Crivella fará com que ele deixe de vencer? Creio que não, porque a resistência para com as ideias do Freixo são enormes. Talvez com outro oponente o tiro não tivesse sido no pé, mas na cara.
Acho praticamente impossivel que Freixo consiga virar esse jogo, mas curiosamente seu maior aliado nessa dificil missão na reta final parece ser, quem diria, o próprio Crivella. Ganhando ou não as eleições, nesse caso, moralmente a vitória foi do Freixo.
RENAN PORTELA É COLUNISTA DO BLOG E AS OPINIÕES AQUI DITAS NÃO EXPRESSAM A OPINIÃO DO BLOG SENDO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DO AUTOR