segunda-feira, maio 13, 2024

7 de Setembro, minha primeira manifestação

BLOG DO LEO7 de Setembro, minha primeira manifestação

Leonardo Oliveira
Me lembro como se fosse hoje. Em 1 de setembro de 2005 eu conheci o socialismo. Já ouvira falar no colégio, mas nunca o vi de perto, sequer lido sobre. Eu tinha 14 anos e tinha parado pra prestar atenção naquela menina bonita chamada Diana que eu nem sei mais por onde anda que me falava sobre a revolta com os políticos e com as coisas podres que aconteciam no nosso país politicamente. Eu olhava aquilo e ao mesmo tempo que não tirava os olhos de Diana, prestava atenção como aquilo que ela falava fazia sentido naquele momento. Como a política estruturalmente é difícil e como as mudanças e reformas onde a população é a mais beneficiada são sempre escamoteadas por interesses escusos e politiqueiros. Naquele 1 de Setembro de 2005, que eu havia matado aula e ir ler livros e revistas na ABI (Associação brasileira de Imprensa) eu conheci o socialismo, a ditadura do proletariado, conheci o PSTU. 

Tinha na minha mente um partido utópico que só dizia “contra burguês vote 16” e ali vi que eles estavam se organizando em passeatas, manifestos, para bater de frente com centrais sindicais e movimentos estudantis com as suas Conlutas e Conlute. 

Nesse vai e vem, a tal Diana me chamou pra ir a manifestação contra o Governo Lula na época do escândalo do Mensalão, e que curiosamente não teve processo de Impeachment. Era um Fora Todos. Lula, o congresso e o FMI. Seria no dia 7 de Setembro. Dia em que eu só ficava em casa vendo o desfile quando passava na Globo. 

Quando cheguei lá andei, andei e andei.. até encontrar o pessoal do partido. Diana não estava lá, mas conheci Natália, Pedro, Matheus e Cyro Garcia que gentilmente me deu uma carona até Vila Isabel, onde ele mora. Segurei bandeira, entoava cânticos socialistas e gritava Fora Todos. Me sentia o máximo, me sentia um cara-pintada do Fora Collor mas na verdade eu nem sabia o que eu tava gritando, nem sabia o que tava fazendo. Havia uma barreira entre nós e a Polícia. Não houve qualquer repressão, problema ou agressão. Depois eu soube que o que mais havia ali eram manifestações. Contra Lula, a favor de Lula, representações da sociedade civil e notoriamente de esquerda. Mal sabia eu que essa esquerda era a mais radical e ideológica que eu já vi. Muito, mas muito mais radical que o PT, até mesmo que o PSOL. Ao chegar em casa, pensava eu que a manifestação tinha aparecido em vários jornais, afinal eu via que estava cheio, que havia movimento, câmera filmando e pessoas vendo. Nada, apareceu uma bandeira em um segundo no Jornal da TV, da Rede TV!. 

Não aparecemos em lugar nenhum. O socialismo dos partidos da chamada extrema esquerda não aparece na televisão, não são falados como os outros são falados. Exemplo, hoje se deu um destaque tremendo na mídia as manifestações contra o Presidente Michel Temer, manifestações de grupos ligados a CUT e ao PT, que pela primeira vez em treze anos se manifesta como oposição. 

O que quero dizer com isso? Que parece que só teve manifestação agora, por causa do impopular Temer mas tem desde sempre, tem desde quando Lula era poder, antes e sempre terá. Sempre terá um grupo insatisfeito levantando a sua bandeira, e mostrando insatisfação diante do que vem acontecendo no país e o 7 de Setembro é uma ótima data para isso. O problema é que mesmo assim a repercussão que se dá em cima disso é quase zero. 

Fiquei no PSTU até 2008, muitas vezes ainda desentendido do que era política de verdade, mesmo conhecendo a estrutura de um partido que é um dos mais de extrema esquerda sem dialogar com a chamada burguesia. Fui ainda mais uma vez ao sete de setembro, o de 2006 mas vi que aquilo não faria mais sentido. Era gritar num vazio, não havia a intenção de sair desse redemoinho através da política. Com a cabeça de hoje, entenderia melhor, discordaria mais e aprenderia também.

Mas no todo, uma experiência válida. A de saber o que é realmente o socialismo.

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